Comecei a escrever o texto abaixo, mas antes de concluir fui surpreendido pela notícia de que o Enem vazara mais uma vez. O texto foi literalmente de água abaixo. Para mim, foi uma experiência bacana. Aprendizado. Eu nunca tinha visto o conteúdo de um texto ir de água abaixo assim. Ia jogá-lo na lixeira, mas resolvi postar para que possam visualizar o que estou dizendo.
“Mais um Enem foi realizado, agora na versão 2011. Desta vez, embora muita gente tenha torcido para tudo dar errado, e repetirem-se erros, como em
edições anteriores, felizmente não foi o que aconteceu. Afora alguns problemas pontuais, o exame foi bem-sucedido. Levando-se em conta o tamanho do desafio que se coloca a cada nova edição, temos que parabenizar seus realizadores pelo sucesso obtido.
Ainda assim, me parece que, o formato atual precisa de alguns ajustes, pois será muito difícil manter a regularidade a cada ano. Será sempre um Deus nos acuda, a cada nova edição, e a possibilidade de “dar errado”, potencializada, se mantida a fórmula integralmente para as edições seguintes. Isso sem falar no tamanho da despesa, que no modelo atual, é, em muito, aumentada.
Tivemos sim notícias de pequenos problemas, inclusive criados por pessoas que parecem fazer questão de ver a balbúrdia instalada, mas, casos muito isolados, não chegando mesmo a prejudicar toda a audaciosa empresa...” (estava neste ponto quando me disseram que ele havia vazado)
Foi, portanto, com desapontamento que recebi a notícia do vazamento. É o que tenho dito aqui: temos que mudar o pensamento mesquinho deste país. Não é possível pensar-se em um país de primeira se cada indivíduo continuar pensando apenas em tirar vantagem pessoal em tudo. É preciso que o Estado mude sua postura de complacente, e que acaba mesmo sendo é conivente com aqueles que não têm compromisso social ou com o país. Como é possível que um cidadão seja capaz de prejudicar uma parcela enorme de cidadãos em uma atitude francamente irresponsável. Não sei quem fez o quê, mas houve má fé, ou, no mínimo, incompetência. Agora é preciso fazer os remendos de sempre e torcer para que ninguém saia realmente prejudicado.
Quando escrevi o primeiro post sobre o Enem, o título escolhido foi “Os desafios do Enem”, desafios que parecem cada dia mais difíceis de superar, e, hoje, estou convencido de que será mesmo preciso reformular muita coisa dentro do exame, para que ele possa emplacar de vez. Se não, talvez tenhamos que começar a considerar outras alternativas.
É preciso que os homens responsáveis pelas decisões na educação brasileira se debrucem seriamente sobre a questão e façam um diagnóstico preciso dos problemas e das limitações do exame; e que busquem as soluções melhores para o país, neste caso, evitando agarrar-se a uma obstinação teimosa e, também, irresponsável. Que tenham a coragem de mudar o que tem que ser mudado, sem restringir-se a qualquer espécie de orgulho próprio, porém sem justificativa realmente plausível. Pessoas capazes de colocar o interesse da coletividade como prioridade são o raro tipo de que o país precisa para ser um país bonito de se ver. Para isso, é preciso, portanto, que os homens do poder comecem a dar o bom exemplo.
p.s. imagem: André Bernardo