26 de outubro de 2011

Enem: a saga continua



Comecei a escrever o texto abaixo, mas antes de concluir fui surpreendido pela notícia de que o Enem vazara mais uma vez. O texto foi literalmente de água abaixo. Para mim, foi uma experiência bacana. Aprendizado. Eu nunca tinha visto o conteúdo de um texto ir de água abaixo assim. Ia jogá-lo na lixeira, mas resolvi postar para que possam visualizar o que estou dizendo.

“Mais um Enem foi realizado, agora na versão 2011. Desta vez, embora muita gente tenha torcido para tudo dar errado, e repetirem-se erros, como em
edições anteriores, felizmente não foi o que aconteceu. Afora alguns problemas pontuais, o exame foi bem-sucedido. Levando-se em conta o tamanho do desafio que se coloca a cada nova edição, temos que parabenizar seus realizadores pelo sucesso obtido.

Ainda assim, me parece que, o formato atual precisa de alguns ajustes, pois será muito difícil manter a regularidade a cada ano. Será sempre um Deus nos acuda, a cada nova edição, e a possibilidade de “dar errado”, potencializada, se mantida a fórmula integralmente para as edições seguintes. Isso sem falar no tamanho da despesa, que no modelo atual, é, em muito, aumentada.

Tivemos sim notícias de pequenos problemas, inclusive criados por pessoas que parecem fazer questão de ver a balbúrdia instalada, mas, casos muito isolados, não chegando mesmo a prejudicar toda a audaciosa empresa...” (estava neste ponto quando me disseram que ele havia vazado)

Foi, portanto, com desapontamento que recebi a notícia do vazamento. É o que tenho dito aqui: temos que mudar o pensamento mesquinho deste país. Não é possível pensar-se em um país de primeira se cada indivíduo continuar pensando apenas em tirar vantagem pessoal em tudo. É preciso que o Estado mude sua postura de complacente, e que acaba mesmo sendo é conivente com aqueles que não têm compromisso social ou com o país. Como é possível que um cidadão seja capaz de prejudicar uma parcela enorme de cidadãos em uma atitude francamente irresponsável. Não sei quem fez o quê, mas houve má fé, ou, no mínimo, incompetência. Agora é preciso fazer os remendos de sempre e torcer para que ninguém saia realmente prejudicado.

Quando escrevi o primeiro post sobre o Enem, o título escolhido foi “Os desafios do Enem”, desafios que parecem cada dia mais difíceis de superar, e, hoje, estou convencido de que será mesmo preciso reformular muita coisa dentro do exame, para que ele possa emplacar de vez. Se não, talvez tenhamos que começar a considerar outras alternativas.

É preciso que os homens responsáveis pelas decisões na educação brasileira se debrucem seriamente sobre a questão e façam um diagnóstico preciso dos problemas e das limitações do exame;  e que busquem as soluções melhores para o país, neste caso, evitando agarrar-se a uma obstinação teimosa e, também, irresponsável. Que tenham a coragem de mudar o que tem que ser mudado, sem restringir-se a qualquer espécie de orgulho próprio, porém sem justificativa realmente plausível. Pessoas capazes de colocar o interesse da coletividade como prioridade são o raro tipo de que o país precisa para ser um país bonito de se ver. Para isso, é preciso, portanto, que os homens do poder comecem a dar o bom exemplo.






p.s. imagem: André Bernardo
4 Comentários
Comentários

4 comentários:

Gisele VasFi disse...

Olá, meu amigo.
Você arrematou brilhantemente: é preciso, realmente, que os homens do poder comecem a dar bons exemplos. Aqui ainda é o país do "farinha pouca, meu pirão primeiro." E a farinha nem é tão pouca assim. Há para todos e ainda sobra uma quantidade imensurável.
Minha filha fez a maratona Enem este ano e já chegou esgotada em casa, imagine quando ela ouviu sobre a possibilidade de cancelamento das provas...
É tudo muito esquisito.
É certo que vazamentos são uma constante me varios tipos de concurso, mas fico me perguntando se isso não é apenas manobra de quem quer desacreditar um programa que promete se bom daqui há alguns anos (ainda precisa de muitos ajustes...) ou mesmo de um grupo que quer apenas "causar" e com isso prjudicar a milhares.
Qualquer que seja a hipótese, uma coisa fica clara, como você mesmo salientou, o egoismo e egocentrismo reinante nos tempos atuais, que vai desde o nível mais baixo (quero derrotar os outros e garantir o meu) até o nível mais alto (não estou interessado, mas não quero ninguém se dando bem. Ou seja: destruir pelo prazer de destruir).
Ainda creio na vitoria do bem, ainda creio no despertar da civilidade, ainda creio em flores vencendo canhões, ainda creio na educação como arma, pacífica, de mudança real e duradoura.
E nunca vou desistir de lutar por tudo isso.
Um grande beijo.

Vinícius Lemarc disse...

Oi, Gi!

Torço para que o Enem dê certo, para que esses problemas deixem de acontece, porém, não acredito que isso seja possível se apenas se fizer novas tentativas. Está óbvio que ele precisa ser repensado em certos aspectos. Não acho que o melhor seja simplesmente abandoná-lo. O que eu acho deplorável é que tenhamos um país em que não existe verdadeira cidadania, daqueles as pessoas auxiliem para que as coisas sejam melhores. Tem muita gente preocupada em manter a balbúrdia, por vários motivos.
Felizmente, existem pessoas como você, dispostas a fazer o que estiver ao seu alcance, agindo inclusive através da divulgação de ideias. Veja você que num caso como esse do Enem, se algumas pessoas ficassem pelo menos quietas, não tentassem atrapalhar, já teriam sido suficientemente cidadãs.
Mas, continuemos defendendo as mudanças de que o país precisa. É obrigação nossa.

Um grande beijo!

LeMarc

Marcela disse...

Oi Lemarc. Então...pedir bons exemplos nesse país é quase piada. Mas seu texto diz tudo.
E ainda acho absurdo brincarem com as expectativas de jovens que se preparam com seriedade e que, ainda acreditam na educação e no país...isso é lamentável

Vinícius Lemarc disse...

Oi, Marcela!

Embora devamos ser realistas, de fato, ninguém acredita em quase nada mais. E acreditar no ser humano é cada dia mais difícil. Quando se acha que está diante de alguém decente, de repente se quebra a cara. E pior, isso não é uma questão de Brasil, é muito mais amplo. Mas há sim pessoas que fazem, de certo modo, sua parte, apesar de suas imperfeições naturais. Pena que exista um grupo barulhento que prega disfarçadamente que "o negócio é ser indecente mesmo",porque o mundo não tem jeito mesmo, o ser humano não merece nenhum crédito... assim é que nós vamos piorando as relações e o mundo.
O ENEM está só confirmando esse tipo de comportamento e de visão.

Grande abraço!

LeMarc

Postar um comentário