Em nenhum sentido que se cogite, The Outcasts of Poker Flat pode ser considerado um western puro, ou clássico. Baseado livremente no famoso conto de mesmo nome, de Bret Harte, esse pequeno filme retoma um argumento já duplamente visitado por John Ford, primeiro na sua versão homônima, em 1919, depois em Stagecoach (No tempo das Diligências), em 1939.
A história se inicia com um assalto a banco que acaba por mobilizar a população da pequena cidade mineira de Poker Flat, acarretando a expulsão dos cidadãos indesejados, capazes de cometer crimes ou de dificultar a construção do que seus moradores entendem como sendo uma sociedade respeitável.
Assim, um jogador, John Oakhurst (Dale Robertson), a companheira do assaltante de bancos, Cal (Anne Baxter), um bêbado alienado e uma garota de saloon são enxotados da cidade, encontrando-se, pouco tempo depois, em meio a uma nevasca, presos em uma cabana na floresta. Ao grupo, junta-se um casal, Tom Dakin (Craig Hill) e Piney Wilson (Barbara Bates) que, viajando em direção oposta, rumo a Poker Flat, acaba reunido à força aos degredados.
Sem mantimentos e com poucas esperanças, o grupo tem que encontrar meios de sobrevivência. Em meio à convivência forçada, as relações e o comportamento de cada personagem entram então em jogo, embora o roteiro acabe não se aprofundando muito nesse particular, talvez devido ao número expressivo de personagens.
Para piorar tudo, o grupo se vê às voltas com a possibilidade da chegada do companheiro de Cal, Ryker (Cameron Mitchell), que está à procura dela e do dinheiro que lhe confiara após o assalto.
Filmado em estilo noir, The Outcasts of Poker Flat não é um filme empolgante, mas tem qualidades, como o bom roteiro, a fotografia e a direção competente de Joseph M. Newman. Seu mérito é colocar em choque uma galeria de tipos e discutir a questão do preconceito na sociedade, em sua versão abstraída, que não raro olha para os seres humanos que não se encaixam como seres descartáveis ou desprezíveis.
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