16 de outubro de 2010

Contra o impuro pão nosso de cada dia

(O texto abaixo foi feito de uma só tacada, porém, o dividi em partes, para fins de facilitar sua leitura na tela do pc)

Parte 1
















A preocupação com alimentar milhões de pessoas cresce exponencialmente em todo o mundo. Mas, nem sempre a questão “sobrevivência” teve os contornos que apresenta hoje. Partimos de um modelo inicial nômade, em que o homem buscava na natureza, a fonte de alimentação, por meio de caça e pesca, utilizando praticamente o necessário para sua subsistência. Então, as fronteiras do mundo eram longínquas e desconhecidas. Não havia a organização social complexa que viria a existir milhões de anos depois. Após sofrer intensas transformações, em todos os campos – social, econômico, político, etc. – as chamadas sociedades modernas depararam-se com um sem número de questões a equacionar, dentre as quais a de como alimentar milhões de famintos, mundo afora.
Nos continentes e países mais pobres, desestabilizados por guerras e por outras mazelas, percebemos, através das imagens e informações a que temos acesso, o quanto esse problema carece de solução urgente. Reconhecemos, portanto, a importância desse debate; entretanto, aqui não vamos aprofundá-lo. Falaremos especialmente de um aspecto que com ele se relaciona, e que parece rumar na sua contramão: a crescente perda da qualidade da alimentação em todo o mundo.
Todos sabemos, ou pelo menos deveríamos, que a alimentação é um dos fatores mais importantes para que qualquer ser-vivo se desenvolva satisfatoriamente. Logo, se essa for, de algum modo, para o indivíduo, de má qualidade, insuficiente ou exagerada, criam-se condições ideais - a que se vêm somar vários outros problemas contemporâneos - para a queda da qualidade de vida das pessoas. Interessante que nesse, como em alguns setores mais, o problema afeta a todos, indistintamente, embora de maneira diversa.
Posta a questão, somos forçados, assim, a concordar, em termos, com aqueles que defendem a validade e a necessidade dos avanços na área principalmente do agronegócio. No caso do Brasil, por exemplo, empresas privadas e instituições como Embrapa, Emater, Sagri, etc. têm dado uma relevante contribuição para potencializar os resultados a um mínimo de esforço material, humano e natural. Suas pesquisas permitem o conhecimento de técnicas cada vez mais especializadas e eficientes no ambiente rural. Isso não nos leva, porém, a concluir que essas empresas não percam, em certa medida, de vista a questão humana. A necessidade de aliar a seus esforços uma contribuição relevante para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Infelizmente o crucificado Jesus já dizia que por onde o dinheiro passa as coisas ficam complicadas, e, nesse caso, não é diferente. Dentro de um modelo capitalista o lucro é o que acaba sendo priorizado. Outra questão é que muitas pesquisas não têm a qualidade e o valor que deveriam; sobretudo, em se considerando o investimento público, isso é algo, no mínimo, polêmico. Claro que quem é do meio tem uma visão pragmática, e vê neste tipo de discussão uma perda de tempo. Também não achamos adequado dizer que muitas pesquisas apenas justificam o emprego de muita gente, ou que muitos pesquisadores acham-se meio obrigados a produzir ciência, muitas vezes, “como Deus criou batata”, pressionados a seguir determinadas linhas em voga, ou encaixando-se em uma macro-orientação,seja teórica ou de estado. Apenas acreditamos serem necessários alguns ajustes na política traçada na área.
Realmente, todo o desenvolvimento conseguido nos últimos tempos, no que tange ao domínio de técnicas de manejo e produtividade, permite dar ao Brasil lugar de destaque no cenário mundial, quando o assunto é produtividade no campo. Entretanto, ainda não fomos capazes de combater à altura o problema da fome, que assola o país. Há, por exemplo, gente passando necessidades materiais básicas, e tendo seu direito universal ao alimento infringido, em todo canto do Brasil. Mais que produzir, precisamos universalizar o acesso ao alimento. E um dos caminhos para isso é o combate ao desperdício. Essa é mais que uma questão econômica. É uma questão ética: enquanto tantas pessoas padecem, vítimas da fome e da destruição da sua alegria, cerceada por condições indignas de vida, toneladas de alimentos vão parar, de alguma maneira, no lixo. Reconheço ser essa uma questão difícil, mas que precisa ser encarada pelos governantes. Só que pra isso, precisamos de homens de vergonha nos altos postos, a dar bons exemplos, não dos atoleiros a que nos habituamos ver.
Bem, se a questão da oferta de alimentos é de tão alta complexidade, pelo menos tem a vantagem de ser mais visível, até para os mais desatentos. Por outro lado, o problema da qualidade dos alimentos é mais sutil, e, mesmo sendo assunto em pauta, não temos tido avanços representativos na área. Na verdade, a estrutura do sistema agrícola predominante no planeta anda na contramão do desejado tipo de avanço. Aí, por incrível que pareça, talvez seja necessário algum retrocesso.


Parte 2

Há algumas décadas, intentando maior produtividade, diminuição dos riscos de perda e consequente aumento dos lucros, intensificou-se o modelo de extensas monoculturas e o  crescente aprimoramento do manejo. Com isso, a proliferação de pragas e doenças nas lavouras disparou, gerando uma crescente necessidade de uso de defensivos, de um lado, e, de outro, de fertilizantes, para tornar produtivas terras extenuadas por um processo indiscriminado de degradação. Aí, surge o primeiro elo da cadeia tóxica, introduzida no processo produtivo dos alimentos. E a cada safra temos aumentada a necessidade de uso de produtos tóxicos, cujos resíduos são de difícil remoção. Diante do problema, órgãos internacionais definiram níveis mínimos aceitáveis de certos elementos químicos nos alimentos. Acontece que a fiscalização é precária e não consegue fiscalizar com rigidez o uso desses produtos. E o pior: 1 - há muito agricultor, principalmente os menores, que não têm, muitas vezes, o preparo necessário para lidar com esses produtos, o que potencializa o risco de contaminação não só do alimento, mas do próprio agricultor; 2 – a ambição por lucros cada vez maiores, e que subtrai ao homem o senso ético e a sabedoria, o leva a lançar mão de produtos  mais baratos, importados, sobretudo da China, via Paraguai/Paraná, que, muitas vezes, são proibidos em países desenvolvidos, e mesmo no Brasil, por terem seus malefícios à saúde humana comprovados; então, mais uma vez a fiscalização é ineficiente e o limite dos atos do homem é imensurável.  As pessoas ficam, assim, a mercê do acaso, muitas sem sequer saber que esse tipo de problema existe.
Como vemos, logo nas primeiras etapas do processo produtivo dos alimentos, esses já sofrem com o uso de defensivos e fertilizantes, mas, dependendo de certas variáveis, o uso desses produtos químicos pode ser feito em mais de um período e de modos distintos, inclusive de modo foliar, direto na planta e na fruta. Quando isso é feito, estipula-se um prazo de carência para a colheita, mas, mais uma vez, há quem não respeite os prazos judiciosamente, importando-se mais com outros critérios, sobretudo econômicos, como os momentos rentáveis de venda.
Há determinados legumes ou verduras que apresentam altos índices de contaminação, conforme informam pesquisas recentes; alguns que, por serem consumidos in natura, tornam-se um risco ainda maior aos consumidores, embora ninguém consiga desintoxicar facilmente uma fruta, legume ou verdura, com os meios precários de que normalmente dispõe. Como se não bastasse tudo isso, agora, por razões econômicas, para obtenção de boa aparência dos produtos e, claro, maiores lucros, as frutas estão recebendo produtos químicos pra amadurecerem “à força”. Você ainda não notou um tipo de pó estranho que vem na casca de frutas que você compra na frutaria? E aquelas bananas, todas amarelinhas, mas insípidas como só elas, uns verdadeiros pães-com-água? E ainda tem isso, o sabor piora a cada dia. Eu, particularmente,não perco meu tempo com uma fruta ruim dessas.
Com a contribuição oficial, sob o argumento do melhoramento genético, e para obtenção de variedades resistentes, o domínio das enxertias é quase absoluto. Mas isso não basta, porque “é preciso assegurar o alimento na mesa dos cidadãos”. Chegamos, assim, aos transgênicos.
Quanto às enxertias, houve avanços consideráveis na produção dos vegetais e, de um modo geral, vemos isso positivamente. Entretanto, a cada dia, torna-se mais difícil, para quem deseja, encontrar no comércio variedades de frutas nativas, sem que tenham sido misturadas com outras variedades ou tipos. A laranja, a manga, a goiaba, o mamão comuns, por exemplo, perderam seu valor, inclusive porque as frutas originais não são tão vistosas. E seu sabor talvez nunca seja conhecido por muitos jovens, sobretudo dos grandes centros urbanos. Uma lástima.
Quanto aos transgênicos, esses têm gerado muitos debates, mas sub-repticiamente, eles vêm se firmando e talvez sejam mesmo o futuro da produção agrícola mundial. No Brasil, o governo não tem resistido ao lobby dos grandes produtores, devidamente infiltrados na política, para defender seu direito sagrado ao lucro. Mas não vamos aqui ser levianos ou parciais. Esses megaprodutores são grandes empreendedores e, bem ou mal, os responsáveis principais pelo abastecimento país afora. Vê-se o quão complexo é o problema. Um nó a ser desatado. Precisamos produzir em larga escala, mas sem modernização se encarece todo o processo.
Os governos precisam de políticas que permitam desenvolvimento e qualidade de vida às pessoas. Poderia começar pela melhoria da informação e da reflexão. Hoje, não se informa claramente nas embalagens e anúncios acerca das características dos produtos. O transgênico pode estar, por exemplo, no óleo de soja, nos derivados do milho, e em tantos outros produtos, sem que você sequer tenha o inalienável direito de ser informado sobre isso respeitado. Em suma, os critérios para inserção desse tipo de alimento no mercado são obscuros e mesmo inexistentes, em muitos casos. Uma questão adicional é a da proliferação natural de variedades modificadas, em lavouras contiguas. É a chamada polinização cruzada, que pode fazer um agricultor colher transgênico sem tê-lo plantado. Fica clara aí, a necessidade de um tipo de controle que os órgãos públicos reguladores e fiscalizadores não costumam ter. Por fim, sobre a possível nocividade do consumo prolongado de transgênicos para a espécie humana, há muita controvérsia e somente o tempo nos responderá a contento. Entretanto, esse é apenas o aspecto central da questão, e focar apenas ele tem sido a forma limitadora mais comum de discuti-la.
No meio desse caldeirão de discussões, surge, na contramão, o mito dos “alimentos orgânicos”. Essa denominação não me agrada porque perpassa sutilmente uma orientação comercial e alça aquela frutinha de sempre do seu quintal, da sua horta caseira, do seu sítio, ou seja, as frutas como as conhecemos originariamente, a uma casta sofisticada e pouco acessível à população em geral. Figuram agora nos supermercados, à venda, para as pessoas “de posse”, algumas que ridiculamente não notam o estratagema comercial. Criaram-se classes, subclasses e tipos de alimentos, e o comércio sabe muito bem tirar proveito disso. Eu preferia quando não havia mais que um tipo de frutas e verduras: as naturais. Todas. Sem essa parafernália de “modificadas”, “envenenadas”, etc., etc.
Há ainda questões importantes, como a da poluição do solo e das águas, para o que o uso desregrado de insumos agrícolas pode contribuir, gerando um ciclo perigoso para todos os seres vivos; há também o velho problema do uso de conservantes em alimentos, principalmente enlatados, que são algo com que todos, parece, já nos acostumamos, ou a que nos resignamos. Gostaria ainda de falar de tantas coisas, de citar exemplos, que as pessoas, em geral, quase não notam - mas aqui não cabe tudo - como o processo “embelezador” da farinha d’água, que hoje oferece um produto de muito menos sabor e bem mais perigoso à saúde. Mas, é fato: de uma maneira geral, ela “engana bem”, sobretudo porque as pessoas praticamente não têm mais termo comparativo com as farinhas de primeira de anos atrás. Fazer o quê? O ser humano compra uma boa imagem, mesmo que seja um “cavalo de troia”, na política, nas relações, e em tudo o mais. Outro exemplo seria o dos miúdos de animais: as “asquerosas” tripas e mocotós de boi hoje são branquinhas como neve, e as pessoas comem as mesmas coisas, mas devidamente passadas por um processo químico de... de limpeza!?


Parte 3

Como já deu pra perceber, daqui, falaremos um pouco sobre os alimentos de origem animal. Iniciamos falando das aves, especialmente do frango de corte e dos ovos. Um frango caipira, daqueles de quintal, leva cerca de 6 meses para estar pronto para abate, com uma alimentação variada e pouco controlada, com suas vantagens e desvantagens, claro. Para fins comerciais, esse modelo não serve. Através do que os especialistas da área chamam de melhoramento genético, criaram-se frangos que em cerca de 40 dias estão prontos para o abate (não quero dizer com isso que eles não fugiriam, se pudessem). São frangos que têm uma plumagem ridícula, atrofiada e sem brilho nenhum. Um verdadeiro refugo, permitam-me dizer. Que espécie de melhoramento mais estranho! Alguns afirmam que seu crescimento deve-se ao uso de hormônios no manejo, mas os especialistas da área refutam veementemente essa tese, inclusive com bons argumentos. Não posso nem desejo discorrer sobre a fórmula da ração empregada nesse tipo de criação, mas uma coisa é certa: troque-se completamente a ração indicada, por algo mais simples como milho, e esses pintinhos vão diminuir, pode apostar, drasticamente seu ritmo de crescimento. Outra coisa incontestável diz respeito ao sabor da carne de frango de granja. É um sabor característico bem ruim. Toda cozinheira esperta tem que saber preparar muito bem qualquer comida, mas, ainda mais esse tipo de petisco, pois nos primeiros instantes de cozimento, sobe uma catinga de remédio e o bicho se desmancha em água, como tejo no sertão seco. São bichos fracos, de juntas malformadas, e ossos frágeis. Comer um deles é praticamente comer um pintinho que cresceu demais. Não precisa ser nenhum gourmet pra querer passar longe dele. Mas lembramos, é preciso alimentar a humanidade, e, pensando bem, a gente se acostuma. Menos eu. Mas, não se vai fazer a desfeita de recusar tal prato numa ocasião social, por exemplo. Acostumado ou não, dá pra comer.
E os ovos das unhas grandes? As famosas poedeiras. Coitadas, uma vida enjauladas num cubículo que não dá nem pra virar pro outro lado. Mas dessa crueldade falaremos adiante. Os ovos de granja também não são muito diferentes, em termos de processo produtivo. As galinhas são submetidas a um regime que tem como fator principal a ração específica para a missão poedeira. E as bichinhas se desmancham em ovos. Um por dia, durante anos. Também os ovos são contestados quanto à qualidade e acusados de conter hormônios demais. Não sei, mas o ovo de galinha caipira é muito mais gostoso e bonito, sobretudo em se tratando de cores.
Quanto à carne bovina, essa passa por processo semelhante. Antes, um boi era abatido com cerca de 4 anos, hoje, graças às técnicas desenvolvidas, orça por volta de um ano e meio a dois anos. De uma maneira geral, a carne desses bois não é ruim em sabor, mas, de novo, parece não ser saudável o suficiente, como querem nos fazer crer os produtores. Porém, não discutiremos essas questões. Apenas afirmamos tratar-se de algo que precisa ser equacionado pelos produtores. Uma solução intermediária talvez seja o que os pecuaristas chamam “boi verde”, criado sem o exagero do confinamento, e sem toda a frouxidão do pasto aberto.  Aqui, citaremos apenas alguns exemplos referentes ao paladar. Veja-se o caso de derivados, como o charque e as carnes enlatadas, que perderam muito em qualidade e sabor. Estas últimas viraram uma papa estranha, sensabor. Por outro lado, porém, a indústria tem desenvolvido muitos embutidos apreciáveis, mas aí, de novo, a falta de controle permite o aparecimento de uma verdadeira pirataria, com a oferta de produtos de proveniência muitas vezes duvidosa, e perigosa.
A escolha de rebanhos de gado de alta produtividade, em detrimento de rebanhos cujo sabor da carne é superior, é outro problema, no Brasil. Em países mais exigentes, como a Argentina, há mais critérios quanto à qualidade da carne, e a seleção das raças na formação de rebanhos é, assim, afetada. Já ouviu falar do famoso churrasco argentino?
Aqui, é muito frequente a venda, ou desova, de vacas velhas, daquelas cujas costelas parecem tábuas. Na grelha, sobe uma catinga que infesta todo o ambiente, em vez do seu característico e convidativo cheirinho. Mas, a cada dia, com a modernidade, as pessoas têm menos noção sobre a qualidade da carne, diante do balcão do açougue.
Além de um critério sanitário rígido, faz-se necessário informar bem o consumidor sobre a qualidade da carne que lhe é oferecida. Pra quem não sabe, há muita diferença no sabor da carne de um animal que tem um tipo de dieta, para outro que tem outra diferente. Carne de boi tem sabor e consistência diferente de carne de vaca, ou de novilha. Quase ninguém fala disso, e as pessoas só sabem que existe carne e ponto. Sobretudo agora, que não vemos mais o animal em bandas, mas em pequenos pedaços, devidamente arrumados em bandejinhas de isopor. Ah, uma informação que também não se discute, e nem se divulga, é sobre os níveis de contaminação que estas bandejinhas de isopor podem conter, por cádmio, chumbo, etc., quando de baixa qualidade. No caso das gorduras, tem-se aumentadas as chances de contaminação. Os órgão de controle precisam informar com clareza à população a quantas anda esse tipo de questão. A inovação das bandejinhas, claro, facilita todo o processo de embalagem, e não somos contra,  apenas se espera que haja respeito pelo consumidor, oferecendo recipientes seguros. E isso, de novo, é campo de ação das agências governamentais.
Falemos sobre a carne de porco. Notamos ser cada vez mais difícil encontrar-se o porco “pé duro”. Quase que só vemos porcos “de raça”, que crescem como bois, em prazo bem curto, com alimentação controlada e, claro, de carne mais-ou-menos. É uma questão econômica. Até a quantidade de toucinho agora é controlada. Certos porcos só tem praticamente couro,  e a típica gordura de dois ou três dedos de largura desapareceu quase por completo. Quando não, é um toucinho duro e de um branco forte, sem aquela maciez de um toucinho quase transparente. “É que o preço do toucinho não compensa”. Faça-se bacon, sei lá, venda-se a carne com toucinho, mas não se estrague o seu sabor.
Com a contaminação crescente das águas, o peixe também tem perdido qualidade. A sugestão de especialistas é dar preferência ao consumo de espécies que são encontradas mais distantes da costa, ou que não suportam viver em ambientes degradados, como a sardinha. É ruim, hem? E agora a onda são peixes e assemelhados criados em cativeiro, devidamente alimentados com ração apropriada. É catinga ruim de tirar. E um peixe, que, se não é de todo mal em sabor, para alguns, tem a desvantagem de ser criado com uma alimentação que muita gente reprova, parecida visualmente com aquelas que se dá a gato e cachorro. É de perder a fome.
Chega de dar exemplos, sua imaginação pode encontrar tantos outros, que não preciso fazer uma enorme fieira deles.
Por fim, gostaria de sugerir que você leia, e isso pode ser feito gratuitamente na internet, no site da revista Veja, que mantém acervo digital de todas as suas revistas, uma reportagem sobre os maus-tratos dispensados aos animais que se criam para abate (link abaixo). É uma pequena iniciação ao assunto. Lá você verá alguns exemplos desconcertantes de como o ser humano perde totalmente a ética, tendo em vista seus interesses econômicos, necessidades e vontades pessoais. Já passa da hora de buscarmos um mínimo de ética com tudo o que habita esse planeta, e nos rodeia. E não pense você que os animais são totalmente desprovidos do que podemos chamar pensamento puro. A ciência caminha na direção de comprovar isso, apesar de todas as dificuldades que a tarefa impõe.
Chamo atenção ainda para o fato de este texto não se tratar de produto de pesquisa ou de detida reflexão. Nem mesmo busca teor jornalístico, coisa a que definitivamente não me propus fazer. Apenas teci algumas poucas e desarticuladas considerações sobre questões gerais do tema, deixando, assim, muita coisa de fora e sem maior aprofundamento. Mas, em se tratando de um texto feito para um blog, até que se falou de muita coisa.
Esperamos ter contribuído um pouco na discussão. Ou, quem sabe, ter mesmo chamado o debate. Debate que deveria ser travado nas escolas, na educação, mas vivemos ainda uma educação que relega, ou aborda in abstrato temas importantes. Definitivamente precisamos aproximar as teorias das questões palpáveis, do mundo real, onde se travam os embates diários. Enfim, a escola precisa educar mais, e nisso ela tem falhado muito.
Não objetivamos aqui, também, mostrar uma visão apocalíptica e pessimista do problema. Precisamos apenas nos munir de informações e caminhar na direção certa. Entender que não temos que aceitar tudo que se nos põem, sem discutir, sem opinar, como se fôssemos meros detalhes. Não pare de comer, por favor, depois de ler isso. Apenas fique mais atento e exigente, desconfiando quando lhe oferecerem tantas facilidades, sem qualquer explicação plausível. Também não se preocupe  que esses problemas não têm nada a ver com controle demográfico pelo estado. Eu acho. Abraço!


Abaixo, link para Acervo Digital Veja (ver nº 2181, de 08/09/2010)

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