4 de março de 2019

Os 50 melhores westerns, em 20 linhas



Em aproximadamente 20 linhas, irei, nesta seção, comentar os 50 melhores westerns que vi, sejam eles americanos ou europeus. A publicação será feita de maneira inversa, na direção do último para o primeiro selecionado. Já assisti a todos os filmes que listarei aqui, mas estou ciente de que precisarei revê-los também a todos, para melhor qualificar minha opinião a respeito, o que será um misto de labuta e prazer (como é bom conciliar esses famélicos!). Esse tipo de lista é sempre temerária, pelo que sugere o esquecimento de produções importantes, a ausência de filmes bons, enaltecidos ou esquecidos pela crítica, e, muitas vezes, pelo público, e, principalmente, a comum e necessária falha de parcialidade do avaliador, que constantemente precisa reciclar seu gosto e sua análise. De qualquer modo, isso não é uma desculpa, e tentaremos apresentar uma lista seminal para os iniciantes, de um lado, e estimulante para os cowboys experimentados, de outro. O ordenamento talvez seja a pior parte a se fazer, e, em outras condições, exigiria um estudo mais percuciente, para melhor se realizar. Aqui, entretanto, guardarei, antes dos outros critérios, o critério do gosto pessoal, que se traduz por alguma observação fortuita das qualidades técnicas e artísticas do filme, mas, antes de tudo, se fia na relação mais passional ou íntima com cada um deles. Assim, peço desculpa a eles, por tê-los de exibir em uma ordem de qualidade, que fatalmente produzirá injustiças; mas eles sabem que todos são amados, que é o que realmente importa, porque essa história de medir amor não dá pé!

Publicaremos um filme por vez, tentando manter alguma regularidade, com comentários rápidos sobre a produção, um breve resumo e a opinião do analista, além de um pequeno vídeo, de cerca de um minuto, com cenas retiradas do mesmo. Reiteramos, portanto, certeza de que restará, por ora, algum filme indispensável ausente na lista. É que são milhares e milhares de filmes produzidos nestes anos todos de produção cinematográfica, e não conseguimos ver tudo o que gostaríamos. E eu ainda tenho a minha lista dos “filmes difíceis de encontrar”.

Mas deixemos de conversa comprida, apreciemos o bourbon e sigamos para o que realmente importa. Vamos à lista!



50º Forty Guns (Dragões da Violência) – 1957

Forty Guns, dirigido pelo cineasta cult americano, Samuel Fuller (1912-1997), vale a pena de ser visto. No elenco, sem surpresas, destaca-se Barbara Stanwyck, que nos brinda com uma atuação quase perfeita, ao que parece, só prejudicada - como de resto a película - pela intervenção da produtora, com fim de dar ao filme o apelo comercial capaz de assegurar-lhe o investimento. Os principais trunfos de Forty Guns são um roteiro inteligente e uma fotografia digna de clássico.

Jessica Drummond (Stanwyck) é uma poderosa criadora de gado que dá as ordens em Cochise, uma cidadezinha do Arizona. Seu irmão, Brockie (John Ericson), vive a criar problemas para ela resolver. E, assim, ele entra em rota de colisão com os irmãos Bonnell, homens da lei recém-chegados ao lugarejo. Jessica comanda um imponente grupo de 40 homens de armas, mas nada impede que Griff Bonnel (Barry Sullivan), o líder dos irmãos, se imponha, conquistando inclusive o coração da poderosa dama de calças longas.

O bando de Jéssica nos faz pensar numa confusa alusão às Mil e Uma Noites, com Ali Babá e seus 40 ladrões, e, embora o grupo tenha foragidos da lei - motivo da presença dos forasteiros - o pequeno exército não é muito mais que um recurso retórico no filme, com quase nenhuma consequência na trama. Serve como exercício de estilo, com alguma função simbólica. Isso é perceptível, por exemplo, na sequência inicial em que o magnífico tropel prenuncia aos visitantes que talvez fosse melhor procurar outra cidade.

Forty Guns é um filme de grande potencial, mas, infelizmente, sua história relativamente complexa não cabe nos 80 minutos da trama. Não que o tamanho inviabilize necessariamente um bom filme. Randy e Boetticher são exemplos de como o pouco tempo pode ser bem utilizado. Talvez resida, no malogro, alguma culpa do indomado diretor. Forty Guns é um filme inutilmente afetado, com cortes grosseiros (intencionais ou não), e com algumas atuações pouco convincentes, como a de John Ericson, para dizer o mínimo. Somado tudo, resulta comprometida a organicidade do filme.

Sob o ponto de vista artístico, Forty Guns não alcança a integridade esperada, mas, seja como for, pela força que exala, pela originalidade técnica, pela abordagem mítica, pela observação cuidadosa de detalhes - como o banho público, pela música que lustra a força da personagem central e pelas cenas de monumental grandeza, é um filme vigoroso e imperdível ao amante do gênero.


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