30 de abril de 2020

44º The Halliday Brand (Ódio Contra Ódio/A Marca do Ódio) 1957



Esse é um daqueles pequenos filmes, feitos com parcos recursos financeiros, mas que parecem que, enquanto eram feitos, viam-se recobertos e protegidos por uma daquelas auras em que as coisas fluem, acontecem, mesmo quando meio improvisadas. Em The Halliday Brand podem-se criticar a pobreza das ambientações, algumas interpretações discutíveis, deficiências técnicas e efeitos rudimentares, entre outras limitações, mas nada disso é suficiente para fazer dele um western ruim. O roteiro inteligente, a direção competente, a habilidosa fotografia e a música operística marcante são algumas das qualidades que fazem desse filme sobre racismo, ilegalidade, autoritarismo e autolimitação humana um western digno de figurar entre os destaques do gênero.

Big Dan Halliday (Ward Bond) é um poderoso patriarca que procura assegurar a todo custo a continuidade da marca Halliday, e, para alcançar seu intento, está disposto a lançar mão de todos os meios disponíveis, lícitos ou ilícitos. Após descobrir que sua filha Martha (Betsy Blair) está se relacionando com um mestiço, Jivarro (Chistopher Dark), acaba por usar sua posição de homem da lei e sua influência econômica para tirar impiedosamente o pretenso e indesejado genro do caminho. Seus métodos acabam por colocar seu filho preferido, Daniel Halliday (Joseph Cotten), contra si, em uma disputa marcada pelo personalismo e pelo ódio.

The Halliday Brand é um western que tem muita força dramática. Ward Bond se sai muito bem no papel de homem implacável, que sabe aonde quer chegar e tenta tomar o destino em suas mãos. O roteiro é ágil e criativo, a começar pelo feliz uso do flashback, para narrar a história. Os atores, em especial os herdeiros de Halliday, parecem um pouco velhos para o papel, mas, afora o apego à historicidade, isso não chega a ser um problema. A fotografia, a cargo do premiado diretor Ray Rennahan, contribui muito para a beleza estética do filme, em especial quando combinada com a música conduzida por Stanley Wilson, que só peca por conter uma certa insistência, como em certos eurowesterns. Por ser um filme curto, algumas passagens restaram prejudicadas, como o confronto entre os antagonistas, que parece mais um breve resumo da dissídia. Assim, tudo acaba sendo pouco desenvolvido, embora isso não chegue a prejudicar o principal, criando embaraços ou fragmentações.

Esse é um filme que acrescenta algo ao gênero; não parece mais um daqueles filmes que temos a sensação de ter visto dezenas de vezes. Imperdível aos amantes do gênero.


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