18 de janeiro de 2012

Lia Sophia fala de seu novo trabalho


Ao completar um ano, lavrando, semeando palavras e cultivando ideias nesta seara a que chamam virtual, o Sarrabulhada Cult teve a grata satisfação de conversar com a extraordinária banda Clã Brasil, que nos encanta a todos com uma música que preserva e, até certo ponto, resgata os ramos mais fincados da música de raiz brasileira, uma música genuína como a carnaúba, ou o mandacaru, no interior do sertão brasileiro.

Agora, tornamos o leme e embrenhamo-nos pela opulência do trópico, pela variedade amazônida,  por sua fertilidade cultural. Pela exuberância dos seus frutos, que o mundo descobre extasiado;  pelo exotismo saboroso, e pelo calor da sua música de ritmo contagiante, inundada de contribuições negras, indiáticas, caboclas. Por sua consciência e genuinidade, enriquecida de motivos caribenhos, latinos, num singular sincretismo multicultural. Conversamos, hoje, com uma artista que vem se firmando como uma  das maiores cantoras do Brasil e da região norte do país na atualidade, a franco-guianense de nascimento, mas paraense de apaixonamento, Lia Sophia.

Há algum tempo, na sessão Para ouvir, especialmente dedicada aos grandes intérpretes e vozes do nosso cancioneiro, fizemos uma breve indicação do cd Amor Amor, terceiro álbum da carreira de Lia Sophia. Ali, surgia o desejo de dedicar um pouco mais de espaço a esta deliciosa revelação da música brasileira, o que ora se realiza especialmente por meio de uma belíssima entrevista em que nossa estrela revela um pouco mais de si, da família, de sua história, de seus planos, e mostra ao público brasileiro, e d’alhures, grande presença de espírito e inteligência, peculiares aos grandes artistas.

Mas, antes de ouvirmos Lia, nos dois sentidos, gostaria de falar um pouco sobre sua trajetória e de sua música.
Lia Sophia nasceu quando os movimentos de contracultura já marcavam uma virada indelével no campo do pensamento e do comportamento das novas gerações. O cinema e a música, por exemplo, já se haviam como campos férteis da afirmação dos novos hábitos, como marcos importantes da construção de um novo modelo de relação entre as manifestações artísticas e seu contexto histórico. O modelo capitalista, então, triunfava e dava início a um processo de globalização que se espraiaria, não muito adiante, por todos os campos, embebendo a produção artística e cultural do novo mundo, enquanto, especialmente no Brasil, via-se a ditadura decair, conduzindo o artista para novos caminhos e fontes de inspiração e de manifestação da voz popular.

Assim é que Lia cresceu, de início, orientada dentro dos princípios religiosos, chegando cedo a cantar na igreja e aparentemente alheia às mudanças históricas que seriam futuramente contribuições importantes na formação de sua personalidade. Essa primeira fase iria se encerrar com sua ida para Belém do Pará, para continuar seus estudos. Lá, encontrou-se com a MPB e a efervescência musical da capital paraense, faustosa com as suas maravilhosas guitarradas, com o carimbó, o brega e tantos outros ritmos marcadamente populares. Atenta a tudo que acontecia ao seu redor, Lia não deixou de incorporar ao seu repertório pessoal todas as influências que recebia do contato com a cultura local, enriquecendo-o com elementos de pós-modernidade, através do contato com as referências do ambiente acadêmico por que transitou.

Lia queria ser psicóloga, mas, desde cedo, algo a impelia para a arte, e desse apelo ela não teve como esquivar-se. Começou tocando em barzinho, na noite belenense, com o incentivo de amigos, e, não demorou, estava definitivamente nos palcos. Logo se viu fazendo abertura de shows de artistas como Tunai, Vitor Ramil, Chico César, Maria Rita, Zeca Baleiro e Vanessa da Mata, e figurando entre os artistas mais tocados das rádios paraenses. Em 2005, lançou seu primeiro cd, Livre, que contou com composições suas e de outros artistas. Nesse cd, músicas como Eu só quero você, de sua própria autoria, Boca, de Débora Vasconcelos e Velhos Sonhos, de Mapyu e Nilson Chaves, consolidaram o nome de Lia Sophia entre o público e a crítica.

A partir de então, ela começou a viajar o Brasil, levando sua música. Viajou o Norte, o Nordeste, o Sudeste, e fez sucesso no SESC Vila Mariana, e no SESC Pinheiros, em São Paulo. No início de 2009, lançou seu segundo trabalho, Castelo de Luz, um disco  autoral em que apresenta 13 faixas inéditas, onde compõe, canta, cria os arranjos e assina como coprodutora.

Ainda no final de 2009, lançou seu terceiro álbum, Amor Amor, uma estupenda releitura de sucessos brega que povoaram sua infância e adolescência, gravado em estúdio no Rio de Janeiro. Nesse cd, Lia mostra que o brega é mais relativo do que se possa supor, ao incorporar elementos de bossa nova, de música eletrônica, e muita experimentação.

Neste ano de 2011, Lia participou brilhantemente, junto de vários outros artistas essenciais da música paraense, do projeto Terruá Pará,  que, entre outras, encantou a plateia no Parque Ibirapuera, em São Paulo.

A música de Lia Sophia tem como tema recorrente o romantismo, mas enriquecido pelas influências e pela criatividade que a tornam única. O show de Lia também vale muito ser visto. Ela conhece o palco como se fora o quintal da sua infância. Tece com ele um ritual, uma fusão íntima em confissão, e ambos se plenificam no encontro, vendo um o outro brilhar. Com uma voz levemente rouca e uma cuidadosa educação vocal, Lia facilmente nos deixa como aos outros pássaros faz o uirapuru, atentos, haurindo cada elemento, cada acorde, cada acento, cada curva melódica.

Sem dúvida, o trabalho de Lia merece ser conhecido por todos que gostam da boa música. Lia Sophia é mais um belo fruto que a Amazônia dá a conhecer todo o mundo, gostoso e indispensável como o açaí, o cupuaçu ou o tacacá.

É, amigo leitor, sem querer deixá-lo mais a esperar, colocamos abaixo a brilhante entrevista de Lia e, em seguida, o clip da música Salto Mortal, que dá nome ao seu novo trabalho, ainda em fase de produção, e que mostra o amadurecimento constante e vigoroso do seu trabalho. Como dizem os portugueses, está gira! Não deixe de conferir.






A Entrevista:
Oi, Lia, pra iniciar, você poderia nos contar um pouco sobre como a música entrou na sua vida, conduzindo-a  aos palcos?

Lia Sophia: Aos seis anos de idade, eu já cantava na igreja, ao lado de meu irmão. Aprendi a tocar violão aos nove anos, por influência de minha mãe, que na juventude foi cantora de rádio. Cresci em uma família de músicos, onde ouvi diversos estilos musicais: o gospel, o brega, o bolero, e ritmos caribenhos como o Zouk, o Merengue, além das influências do Carimbó e do Marabaixo. Somente aos 17 anos conheci a MPB, através de uma amiga que me apresentou um cd de João Gilberto e outro de Marisa Monte. Nesta mesma época, 1996, eu havia me mudado para Belém, onde prestaria vestibular para Psicologia, curso no qual sou formada. Durante o período de faculdade, toquei em vários bares locais, e me descobri compositora. Minha primeira composição, “Eu só quero você”, tornou-se mais tarde uma das músicas mais executadas nas rádios de Belém.
Você se considera uma artista genuinamente do circuito alternativo?

Lia Sophia: Acho que todos os artistas que não estão em grandes gravadoras vivem no (e do) circuito alternativo.  A propósito, acho que se chama assim (circuito alternativo) por ser algo gerenciado de forma independente mesmo e não haver uma grande estrutura  (Majors) por trás. Inclusive, hoje em dia, até grandes nomes da MPB fazem parte do “circuito alternativo”, por preferência em gerir de forma mais autônoma a própria carreira ou por desacordos com sua gravadora. Enfim, sou sim uma artista do circuito alternativo!

Como você vê a qualidade da produção musical brasileira dos últimos anos?

Lia Sophia: O boom do digital, que barateou todo o processo e trouxe pra perto os recursos antes impossíveis às pessoas com pouca grana, abriu espaço pra muita gente se expressar, e isso foi um ganho absurdo na produção musical brasileira, tanto em termos qualitativos quanto em termos de multiplicidade sonora.   Acho que só a partir daí é que o mundo se nivelou, em produção, porque muita gente sem ideia do que existia tecnicamente para produção teve acesso aos recursos. Aqui mesmo em Belém temos o exemplo fantástico do Tecnobrega, que já conquistou o Brasil e é produzido, ou pelo menos foi assim que tudo começou, de maneira supersimples, super fácil de ser manipulada em um PC, com softwares como o Fruitloops, que qualquer pessoa é capaz de manipular. Assim a música pode ser mais sincera, sem aquela sonoridade datada, mais próxima do que o próprio artista deseja pro seu trabalho. Eu mesma tenho feito as minhas experimentações em casa, gravando minhas composições, arranjando e mixando sozinha. Assim posso testar mil sons, mil batidas e ir descobrindo um caminho novo, ou não! rs

Considerando o cenário nacional, qual, para você, é o papel e a relevância da atual música paraense?

Lia Sophia: Não gosto de fechar nesse conceito de “música paraense”, fazemos música brasileira em Belém do Pará. É importante fincarmos nossas bandeiras para além das fronteiras do Estado, a começar pelas nomenclaturas… Bem, voltando ao assunto… O Pará tem sido considerado a “vanguarda da produção musical brasileira neste início de século 21”, são palavras de Pedro Alexandre Sanches no Yahoo Notícias (http://br.noticias.yahoo.com/blogs/ultrapop/a-musica-brasileira-em-belem-do-para-parte-2.html). Pra mim, mais do que a indiscutível importância cultural e histórica desse momento que a nossa música vive, revelando diversos artistas, consagrando ídolos, resgatando grandes mestres do cancioneiro popular, a produção musical e modelo de mercado surgidos no Pará a partir das Aparelhagens, tem uma importância econômica fundamental para a produção musical no resto do Brasil e no mundo, balizando novos modelos de negócio na produção cultural e tornando-se referência obrigatória  para os caminhos da economia criativa pós-crise da indústria fonográfica.

Pessoalmente e artisticamente, você se sente preparada para o vindouro sucesso nacional?

Lia Sophia: Sim. Afinal só vou fazer o que sei fazer: compor, cantar, tocar… espero já estar com uma super  equipe pra que eu não tenha que me preocupar com o projeto, a captação, o cenário, os músicos… kkkk  

Conseguir colocar uma música na “novela das 8” é, por exemplo, um caminho mais fácil para conseguir visibilidade nacional, mas, pelo menos por ora, parece que não há intenção do centro cultural dominante nesse tipo de democratização. O que você acha disso?

Lia Sophia: O negócio é colocar  uma música na novela das 8, como faz?!  Rs... É claro que estar na Globo dá sim uma super visibilidade, mas não é o único caminho pra que isso aconteça, de jeito nenhum! Hoje, com o poder cada vez maior do mundo digital, temos vários exemplos de artistas que fizeram e fazem sucesso (discos, shows, público consumidor… ) bem antes de aparecerem por lá.

Suas músicas são muito bem arranjadas, com equilíbrio e muita criatividade. Como é o processo de criação desses arranjos, e como você contribui nesse momento?

Lia Sophia: No meu primeiro disco, o Livre, não interferi muito, não entedia como era o processo todo dentro de um estúdio, enfim, foi a primeira experiência. Mas, a partir do Castelo de Luz, fiz de tudo um pouco! Arranjei, toquei, opinei sobre a mixagem, a capa, as fotos… Mas é claro que todo esse processo é uma grande troca entre mim e a equipe envolvida. Discute-se tudo, desde os ensaios até a hora da capa.

Você prefere compor em ato solitário ou em parceria?

Lia Sophia: Sempre componho de maneira solitária, ainda que depois surja uma parceria. Por exemplo, escrevo um monte de coisas, que vou deixando, faço algumas melodias que também vão ficando, até que encontro alguém que eu acho que tem a ver com aquilo e mostro, às vezes, acontece, outras não.

Quais influências artísticas você considera as mais importantes em seu estilo e performance?

Lia Sophia: Minhas influências são bastante diversas e vão desde João Giberto e Marisa Monte até Pinduca e Frankito Lopes.

Do seu repertório, qual é sua música favorita?

Lia Sophia: Não posso eleger uma como a favorita, mas gosto muito de MULHER, CASTELO DE LUZ, DEIXA CHOVER…Tá vendo? Já comecei a falar de todas! rs

Qual foi sua maior emoção no palco?

Lia Sophia: Sempre me emociono no palco! Tenho vários momentos marcantes. Mas o meu primeiro show solo em teatro, em 2004, foi muito especial. Quero destacar também outro momento que foi lindo pra mim, cantar ao lado de Vital Lima, chorei mesmo!

Você acha que o artista deve se adaptar ao gosto do público ou o público é que precisa buscar compreender a proposta do artista?

Lia Sophia: Nem um, nem outro. Acho que cada artista tem o público que se identifica com aquele trabalho, e o público só vai buscar ir ao show, comprar os discos daquele artista com que ele se identifica. Mas é claro que alguns artistas se preocupam sim em usar uma linguagem mais popular, para poder alcançar um público maior.

Seu jeito de ser irradia felicidade. Você é uma pessoa muito feliz?

Lia Sophia: Que ótimo passar isso pra você! Me senti muito feliz sim e realizada com a minha vida! Encontrei o amor da minha vida,  amo o meu trabalho, vivo dele, tenho amigos maravilhosos e uma família que me ama e apoia… Só posso agradecer a Deus por tantas bênçãos!!

Ser artista atrapalha sua vida pessoal, com família, companheiro, essas coisas, ou é o contrário?

Lia Sophia: Não, claro que não! Ser artista é uma  profissão como outra qualquer. Em alguns momentos você é mais exigido do que em outros, às vezes você não consegue passar o Natal com a família, mas os médicos também passam por isso, certo? Então não atrapalha não! Só um detalhe que é bem diferente, o artista nunca tira férias, tá sempre criando, compondo, cantando, não há como deixar esse trabalho no escritório.

E como você se define, enquanto mulher?

Lia Sophia: Realizada!

Uma pergunta difícil: qual o seu maior objetivo de vida? Aquele que ao fim de um percurso se contempla e diz: valeu a batalha!

Lia Sophia: Ser feliz e poder colaborar com a minha família e as pessoas ao meu redor. Tenho conseguido isso! Posso dizer que está valendo a batalha!

Para finalizar, fale um pouco sobre o próximo trabalho, que já está em ebulição.

Lia Sophia: Já estamos na pré-produção do meu quarto álbum. Ele deverá estar pronto ainda no primeiro semestre de 2012. Terá a produção de Carlos Eduardo Miranda e a participação de vários músicos paraenses. Lancei um EP chamado “Salto Mortal” em maio deste ano, com três músicas minhas inéditas. Este trabalho, surgiu das experimentações que venho fazendo no Baile BregaChic, uma consequência do CD Amor Amor, que é uma festa apresentada a cada dois meses, onde eu misturo vários ritmos e estilos, sem preconceitos. Este disco vem com um som ainda mais plural. Entre merengues, carimbós e zouks quero mostrar toda a latinidade que me influencia desde criança.
Entre as canções que farão parte deste disco estão “Salto Mortal”, “Amor de Promoção” e “Ai Menina”, todas de minha autoria. Esta última já está sendo executada nas rádios de Belém e também foi gravada no DVD da Trilogia por Nilson Chaves, Lucinha Bastos e Marcoh Monteiro em junho de 2011. Fiquei super feliz quando eles me pediram pra gravar esta canção! É uma honra  pra mim ter uma música minha no Trilogia!
Esse EP Promocional “Salto Mortal” chegou também nas mãos de alguns produtores e jornalistas nacionais e já vem recebendo elogios importantes, como o de Nelson Motta na Revista Isto É Gente e em sua coluna no Jornal da Globo. Estou ansiosa pra começar a gravar e poder mostrar para o público este novo trabalho.

E o primeiro DVD, também já está a caminho? Vejo essa mídia como um importante aliado na divulgação artística, porque leva uma mensagem um pouco mais completa do trabalho do artista.


Lia Sophia: Fazer um DVD será ótimo!! Tenho projeto pra fazer sim um, mas primeiro vamos fazer o disco e acho que depois virá o DVD.


Ficaremos no aguardo, Lia. Gostaria de finalizar agradecendo sua atenção e carinho comigo e com os seus fãs, oferecendo-lhes esta belíssima entrevista. Grande beijo e muito sucesso!!!


Lia Sophia: Foi um prazer também conversar com você e, claro, com meu público.

Beijo!!!


Lia Sophia


Clip da nova música de trabalho de Lia, Salto Mortal:

 


No video abaixo, você pode conferir um pouco mais de Lia Sophia cantando Ai, Menina, no Terruá Pará, em São Paulo, Só Hoje, com Rogério Flausino e o Jota Quest, além da belíssima canção Boca.



  



p.s.: as músicas de fundo atuais do blog foram selecionadas dos CD's de Lia.
12 Comentários
Comentários

12 comentários:

E. SANCHES disse...

Por tudo o que essa cantora já passou e com essa voz que parece entrar no ouvido como uma pluma, com a base musical de fundo, o carisma, e a personalidade, sem dúvida merece o seu espaço musical neste país de baboseiras descartáveis.
A passagem de solo no meio da música "Salto Mortal" com a guitarra acústica e natural é sureal.
Lembra até alguns acordes de um Espaghetti Western de Alessandroni.
Grande cantora e com essa qualidade musical tem tudo pra conseguir o sucesso.
O mais importante para esse objetivo é que ela continue sendo essa pessoa humilde que é em até nos dar essa estrevista que é uma viagem musical de quem realmente é um artista de massa.
Só falta agora a oportunidade.
Estou pra fechar contrato com uma casa noturna aqui na região Bragantina em que almejei por muito tempo e parece que agora "caiu a ficha" de alguns empresários que para se ter sucesso é preciso investimento e valorizar seus artistas.
Sucesseo a Lia e parabéns pela entrevista.
Esperamos que ela volte em breve com novidades em sua carreira...
Canta muito !!!

www.bangbangitaliana.blogspot.com

Vinícius Lemarc disse...

Olá, caro Edelzio,

Lia Sophia é, sem dúvida, uma grande cantora da música brasileira. Em sua região ela é muito reconhecida, e aos poucos tem se projetado no cenário nacional, sempre com grande aceitação. A questão do amplo reconhecimento país afora não é apenas uma questão de talento. Isso ela tem de sobra. Existe um domínio cultural (se é que se pode chamar assim) que empurra muita besteira para um povo, que consome facinho essas besteiras, o que diminui o espaço de quem tem talento. Quando em uma das perguntas sobre "colocar uma música na novela" ela brinca comigo na resposta, ela mostra sim ter consciência de que há vários caminhos, mas sabe que existem alguns caminhos, ou canais, capazes de vender qualquer coisa, pois o povo já está predisposto a aceitar, diferente de se ter que quebrar resistência e preconceitos, como no caso da cultura e da arte que se produz na "periferia" do Brasil.
Lia é uma artista que merece nosso carinho pelo talento e pela pessoa que é.
Ela está trabalhando muito ultimamente em seus novos projetos e logo logo seremos brindado com seu novo trabalho, certamente melhor e mais maduro que os anteriores. Com alguma sorte, e muito trabalho, claro, logo Lia se fará ouvir em todo o país, junto com esse movimento da cultura nortista que tem alcançado sucesso nacional. É um processo.
Ah, bacana a comparação do trecho de "Salto Mortal" com os arranjos do Alessandroni. Parece que você conhece cada arranjo de cada música que já se fez. Para quem não sabe, você é um grande músico da região bragantina de São Paulo, sabe do negócio.

Grande Abraço!

LeMarc

Darci Fonseca disse...

Olá, LeMarc
Muito bom conhecer a Lia Sophia nestes bicudíssimos tempos da nossa música popular. A moça esbanja musicalidade e sensualidade. Merece ser lembrada uma outra influência, pelo menos em "Salto Mortal", a de Carlos Santana que pegou tudo de gostoso e caliente que havia na música latina e misturou com o rock e abriu as portas para maravilhas como a que Lia cantou.
Que bom saber de Pedro Alexandre Sanches a quem conheci das críticas musicais da Folha de S. Paulo e que escreveu o imprescindível "Tropicalismo - A Decadência Bonita do Samba". Vamos ficar de olho na Lia Sophia e quando ela aportar num dos SESCs aqui de São Paulo certamente vamos conhecê-la pessoalmente.
Parabéns pela divulgação de artistas de talento e que fazem música da boa.
Um abraço - Darci

Vinícius Lemarc disse...

Olá, caro Darci!

Gostei do "bicudíssimo"! Bem lembrada a influência do genial Carlos Santana, que, sem dúvida, influencia o trabalho de muita gente de talento, como Lia, seja pela altíssima qualidade do contribuição do mesmo, seja pela visibilidade mundial que alcançou.
Comentários positivos como o seu, que transita com facilidade pelo terreno cultural, tendo conhecido de perto e com profundidade artes como a música, o cinema, na sua larga experiência nos jornais paulistanos, como o Estado, A Folha de São Paulo, convivendo com feras do jornalismo e da cultura nacional, como o Pedro, o Ignácio Loyola, etc, agregam muito valor e a certeza de que nossa "diva" tem um futuro muito promissor na nossa música, porque já é uma realidade, e que vem pra fazer frente, junto a muita gente de talento a essa "bicudíssima" musica popular atual.

Um grande abraço!

LeMarc

Darci Fonseca disse...

Uma correção, LeMarc: eu era linotipista (gráfico) nos jornais que trabalhei. Claro que tive oportunidade de conhecer muitos jornalistas mas mais por força da proximidade. Procurava sempre os ligados a cinema, como o Loyola (que era secretário gráfico) do segundo caderno da Última Hora. Mas como esquecer de gente como Cláudio Abramo, a quem chamávamos de Buffalo Bill... Eu trabalhava na oficina e muitos jornalistas gostavam de sujar as mãos na paginação. Sabe quem disputava o balcão da lanchonete da Última Hora? O Jô Soares, que só comia misto quente. Era nos bares ao lado dos jornais que víamos os jornalistas famosos. Aposentei-me como linotipista em 1985, portanto gente jovem como o Pedro Alexandre Sanches só mesmo de ler o jornal. Seja lá como for foi bom demais. Um abraço do Darci

Vinícius Lemarc disse...

Olá, Darci!

Claro. Humildade é algo louvável, e necessário, no ser humano, e sua bagagem lhe confere essa virtude. Mas quem dera todos pudéssemos trocar algumas ideias com esses caras todos, como você teve oportunidade, recebendo instruções e trocando muito aprendizado. Sei que você ganhava até livros de alguns deles. Sem dúvida deve ter sido muito bom; não à toa você oferece um excelente trabalho no cinewestermania. O homem é um produto do meio. E que meio!

Grande abraço!

LeMarc

Marcela disse...

Oi LeMarc, fui novamente bem recebida no seu rico espaço.Ufa! Olha, parabéns pelo apoio a essa estrela que não tarda estará brilhando como merece. Maravilhosa! Que voz maravilhosa, repertório delicioso. Uma luz de bom gosto em tempos de "ai, se eu te pego". A psicologia pode até ter perdido, mas não mais do que a música popular brasileira caso essa moça tivesse seguido os caminhos de Freud.
Bjos meu querido!

Vinícius Lemarc disse...

Oi, querida Marcela!

É sempre um prazer tê-la aqui no SC. Vou tentar evitar tirá-lo do ar o máximo que puder, porque, de fato, não é a primeira vez que um amigo me comunica que teve dificuldade de acesso, apesar de eu fazer pouquíssimo isso. Quanto à Lia, a psicologia que nos perdoe, mas prefiro mesmo ela cantando, inclusive porque nos ajuda a limpar os ouvidos dessas coisas como "ai se eu te pego" com sua música realmente muito gostosa.

Um Grande beijo!

Lemarc

Lussilva disse...

Amei a produção textual! Mas, acho que já sou suspeita para dizer isso...rsrs...Eu teria feito todas estas perguntas da entrevista, sabe?! Nossa! Superou a minha curiosidade sobre Lia Sofia... Sem falar que ela é mesmo maravilhosa!!! Eu, nem gostaria de mencionar esse "ai, se eu te pego", p'ra não dar mais ibope, mas, vamos combinar,a música da Lia, ao lado disso, é bálsamo aos nossos ouvidos!!!! Grande beijo!!!

Vinícius Lemarc disse...

Oi, mui querida Lu!

Legal saber que você gostou da entrevista. Eu também adorei as respostas afiadas da Lia. Sobre essa "música" ... é isso mesmo. Como é difícil não saber que essas bobeiras existem. Nos bombardeiam por todo lado. Que bom que temos algumas Lias por aí. Não podem nos privar disso.
Ah, obrigado por iluminar nosso espaço!

Beijo no coração!

LeMarc

Carol disse...

Magnífica!!! Adoro conhecer novos cantores e bandas, e Lia Sophia é excepcional. Amei a música Salto Mortal, super contagiante. E, sim, que guitarra maravilhosa, não havia percebido a semelhança com a música de Santana, que foi comentada. É bom curtir um som mais atual, pq normalmente escuto músicas “fedendo a morfo”, afinal, melhor Beatles do que Restart.

Bjão!

Carol Lemarc

Vinícius Lemarc disse...

Oi, Carol!

É essa também a nossa ideia, ajudar a divulgar artistas de qualidade, que produzem em alto nível e mais que merecem nossa admiração. Você tem toda a razão quando diz que é preferível ouvir artistas mais antigos a certos artistas empurrados goela abaixo pela grande mídia, visando alcançar ibope (e muita grana) sobre uma massa acrítica.

Beijo!

Lemarc

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