8 de novembro de 2011

Os Spaghettis da Minha Vida

Acaba de ser publicada a nossa participação na série que dá título a esta breve postagem, levada a cabo pelo blog  Por Um Punhado de Euros. Sediado em Portugal, esse é um dos
melhores blogs existentes que tratam dos filmes western produzidos na Europa. Agradecemos ao Pedro e ao Emanuel a honra pelo convite para discutirmos um pouco do gênero, ao lado de amantes do western de todo o mundo.
Abaixo, o trecho inicial da nossa participação:






2011/11/08















Mais um mês e mais uma participação na rubrica mais democrática do nosso cantinho. Desta vez lançamos o retpo ao amigo brasileiro LeMarc do blogue Sarrabulhada Cult, que agora partilha connosco a lista dos seus eurowesterns favoritos!
Quando o Por Um Punhado de Euros me fez o convite para participar da rubrica os Spaghetti da minha Vida, confesso que fiquei, ao mesmo tempo que feliz, um pouco vacilante se respondia positivamente a tão ilustre chamado. É que, diferentemente do Pedro e do Emanuel, e de alguns outros competentíssimos amigos do ciberespaço que discutem os eurowesterns, meu conhecimento sobre o assunto é bem modesto, coisa de cinéfilo iniciante. Em que pese, entretanto, meu conhecimento razoavelmente limitado do assunto, não podia desperdiçar tamanha honra de figurar ao lado de tanta gente boa no tema, amigos com quem tenho aprendido muito acerca do assunto, e, ainda, num site de que sou grande admirador.

Minha história com o eurowestern (sempre o chamei assim, pois não gosto muito do termo spaghetti western) é bem diferente da de alguns dos amigos que já participaram da rubrica, mas minha afeição por ele também é demasiado grande. Ela começa quando, na década de 80, após o ocaso do subgênero, quando eu, em muito tenra idade morava em uma cidade bem interiorana mesmo. Cinema lá era por temporada, durava uns dias e depois arribava ou acabava. Os filmes que lá se exibiam eram basicamente de ação (western, artes marciais, além dos “clássicos” pornográficos); ora, com a pouquíssima idade, eu não tinha a menor chance de frequentar aquele ambiente que me parecia mágico, e naqueles horários. Meus irmãos de mais idade e seus amigos é que frequentavam e chegavam contando muitas histórias. Os westerns italianos duravam semanas nas conversas, e eu ali, acompanhando e louquinho pra ir ver na telona.

Eram histórias de caixões sendo arrastados pela cidade, de padres exímios pistoleiros, entre muitas outras. O cinema da cidade fechou, o eurowestern praticamente acabou e eu, enfim, perdi aquelas exibições tardias do que viria a ser, posteriormente, a minha maior paixão no cinema, em se tratando de gênero. Perdia então as exibições, mas nunca esqueceria de que precisava um dia ver tudo aquilo de perto, tudo que apenas imaginava, regado àquelas maravilhosas músicas que eu ouvia nas volantes e do lado de fora do cinema. Enfim, o tempo passou e quando surgiu a mídia DVD eu pude finalmente realizar, com alguma qualidade, meu desejo de conhecer aqueles filmes da minha infância. Não deu outra: me apaixonei pelo estilo, pela criatividade, pela música, por aquelas personagens exóticas e suas histórias extraordinárias.

Continuo vendo tudo que posso do gênero, apesar de ser difícil encontrar no Brasil edições dignas dos filmes, fruto de desconhecimento e preconceito de muita gente ignara. Portanto, diante do carinho que eu tenho com esses filmes, não é tarefa nem um pouco fácil escolher alguns que se sobressaem por algum motivo. De qualquer modo, como a tarefa é mesmo essa, vamos a ela. A minha escolha segue a proposta da rubrica, e não se baseia unicamente em critérios de qualidade técnica ou artística, o que daria algumas posições importantes ao mestre Leone. É, portanto uma seleção dos filmes que quando assisti me reportaram por alguma razão, às vezes inexplicável, a momentos muito queridos da minha infância, com pessoas e coisas muito representativas.
Vamos a ela:

10 Comentários
Comentários

10 comentários:

E. SANCHES disse...

A sua história sobre ao cinema na sua cidade não é muito diferente da minha e tão pouco de muitos outros amigos nossos, que mal tinham dinheiro para assistir uma sessão mensal.
Mas graças a Deus ainda temos tempo, saúde e podemos recompensar ainda hoje podendo assisti-los realizando os nossos sonhos de infancia e adolescencia pobre.
Diga-se de passagem muito bom gosto para o Top 10 do Emanuel e Pedro do Euro-Western.
No filme "A evitar" como é conhecido no blog você indicou (Um Homem Chamado Invencível)“LO CHIAMAVANO TRESETTE... GIOCAVA SEMPRE COL MORTO”
Será que o Emanuel não ficou bravo com você?
Pois este filme mesmo sendo ruim tem a presença de George Hilton e do ator português Chris Huerta, memorável nos Espaghettis Comédia.
Brincadeira...
Parabéns LeMarc

www.bangbangitaliana.blogspot.com

Vinícius Lemarc disse...

Edelzio, depois de toda a discussão sobre a opção do Barrenha, no mês passado, só faltava eu começar dando um fora com os meninos do Punhado. Mas, tranquilo, claro que eles sabem que eu falei do filme, não do Huerta, que, inclusive, é um ator inesquecível no ciclo. Quanto ao George Hilton, uma coisa que sempre me chamou atenção: gosto muito dele como ator, tem filmes maravilhosos, e acho que ele tinha tudo para ser maior do que foi no ciclo western europeu, mas tem uns filmes abaixo da média, como o citado, embora ele não se saia mal.
Essa também foi pra mim a escolha mais difícil. Acho que vou reassistir o filme, pois talvez eu tenha prestado menos atenção a ele do que deveria; talvez tenha faltado mais boa vontade de minha parte com ele.
Abraço!

LeMarc

Carol disse...

Esta é, sem dúvida, uma lista de filmes excepcionais. Porém, não acho que "Lo chiamavano Tresette... giocava sempre col morto" seja um filme "a evitar". Apesar de seus exageros, o filme tem seus trunfos. Por exemplo, sua trilha sonora, que mesmo sendo um pouco animada, é muitíssimo agradável. Sobre a atuação de George Hilton não é preciso nem comentar (adoro aquele ar cínico). Como já faz algum tempo que eu assisti esse filme não me lembro de muitos detalhes, mas uma coisa da qual não me esqueço é de uma caixinha que, se não me engano, tinha algumas funções, e em um certo momento tocava uma musiquinha. Encantador. "Lo chiamavano Tresette... giocava sempre col morto" talvez seja um tanto ridículo, mas merece ser visto.

Vinícius Lemarc disse...

Essa menina tá muito desobediente!... Brincadeira, minha princesa. Você tem muito bom gosto e, creio, razões pra gostar do mesmo. Talvez eu estivesse muito sério quando o vi, e venha a mudar um pouco de opinião no futuro, ou, quem sabe, você, né? O mais importante é cada um dar sua contribuição para melhorarmos nosso visão no assunto.
Beijo, linda!

Pedro Pereira disse...

Vejo que o sobrenome igual não é coincidência! Qual é mesmo a ligação?! E claro se a menina quiser fazer uma «perninha» na rubrica um mês destes, basta entrar em contacto! :)

Fora isso queria mesmo deixar aqui um agradecimento ao amigo LeMarc por ter participado connosco e por ter tido a paciência de esperar que finalmente o post visse a luz do dia. Fiquei muito satisfeito pelo imput e feliz por ver que não sou o único a defender o valor desse filme de Garko. Os fãs de Sartana deviam vê-lo na pele de vilão psicótico.

Um abraço.

--
Pedro Pereira

http://por-um-punhado-de-euros.blogspot.com
http://auto-cadaver.posterous.com

Vinícius Lemarc disse...

Como amante do western, participar dessa rubrica não foi nenhum esforço. Realmente é sempre muito bom trocar ideias sobre esse período sui generis do cinema mundial. Falarei com a minha menina se ela faria uma lista com seus eurowesterns prediletos. Com certeza "I Vigliacchi non Pregano" merece mais destaque nas discussões do gênero.

Abraço!

LeMarc

aprigiohistoria disse...

Grande LeMarc finalmente consegui chegar ao seu magnífico Saloon depois de cavalgar por tortuosas trilhas.Agendamos nossos compromissos mas nem sempre conseguimos cumpri-los no tempo que desejamos. Mas tudo bem, antes tarde do que nunca. Já postei no "Por um punhado..." elogios ao seu Top ten que foi muito bem selecionado. Revi com mais atenção "Django, il bastardo" e retornei ao seu Top ten para reler a pequena resenha (com certeza foi um resumo do que você escreveu) que dedicou a ele. Concluí que de fato é um spaghetti que precisa ser mais valorizado. todas as características que você ressaltou como o trabalho de luz e sombra são realmente notáveis, e isso fica bem evidente na cópia em widescreen. O diretor parece ter procurado combinar os tons do expressionismo alemão com os do cinema noir. algumas cenas como a do cemitério lembra muito a de alguns filmes de terror do expressionismo alemão, além de que ele possui outras nuanças insuspeitadas por mim até algum tempo atrás. Observe que ele, o diretor, em muitas cenas utiliza propositalmente elementos com formatos geométricos,nuançando a cenografia. Ele aproveita as sombras dos móveis, os efeitos de luz causados por uma porta aberta ou então a subida de uma escada escondida pela sombra da parede lateral para elaborar uma composição geométrica,enriquecendo como disse a cenografia e consequentemente a fotografia em cada cena. predomina na maior parte do filme espaços escuros ou penumbra, contrastando com a luz que se projeta de outro ponto. Essas características me passaram despercebidas quando o assisti pela primeira vez, mas esse pormenor de sua resenha me fez voltar a ele reavaliá-lo. São essas coisas que me fascinam no faroeste italiano, ou europeu,o ir além do que já foi feito, quebrar as regras,não obedecendo a fórmulas pré estabelecidas. vou lá, mas retorno. Postei um comentário para o seu Top ten do WESTERNCINEMANIA, confira lá.

Vinícius Lemarc disse...

Olá, Aprígio!

Quão nobre visita no nosso modesto saloon! Quando você fala do tempo que nos oprime a todos, imediatamente lembro de como tenho sido pouco assíduo na publicação de material sobre western, o nosso querido gênero cinematográfico. Ainda nem consegui chegar ao western da escola europeia na minha pequena história (ou singela homenagem) do western. Já está quase pronta a postagem seguinte (anos 60), mas ainda tenho que fazer a parte final, que sempre vai ficando pra quando der. Não vejo a hora também de falar sobre a vertente europeia do gênero. Acho que acabei me achando mais desobrigado com a tarefa depois de ver que tem tanta gente boa publicando muito a respeito. Falando do top que fiz para o Punhado, acho que vou reler pra conferir o que você está me dizendo. Ler e reler esses materiais são sempre motivo de alegria pra mim, porque estou sempre aprendendo com os excelentes críticos e amantes de cinema que encontramos na web, como você. Suas observações sempre são muito argutas e me ajudam a observar, como você disse, detalhes muitas vezes insuspeitáveis.
Quanto a Django, Il Bastardo, é um filme de que gosto muito; aliás, os filmes do Steffen, mesmo os não tão bons como esse, me agradam. Suas observações sobre o filme são preciosas; assim que puder vou reassisti-lo, claro, mais atento ainda, buscando encontrar essas e outras nuances, e o que mais puder, nesse maravilhoso exercício de aprender com coisas a nós tão aprazíveis.
Amigo, peça a música, peça a bebida, que aqui sempre foi e sempre será um espaço que reservará cadeira cativa para o cinema, para o western e para seus amantes. Há muito a fazer ainda, mas, mesmo cavalgando sem muita pressa, seguiremos em frente.
Vou conferi seu comentário no Westerncinemania com certeza.

Meu obrigado e um Forte abraço!

Vinícius Lemarc

aprigiohistoria disse...

Ok,amigão. depois daquele tremendo debate em torno das escolhas do nosso pard(esse é o termo que designa parceiro ou companheiro na revista Tex, personagem de faroeste criado por outro grande italiano, Gian Luigi Bonelli-você deve conhecer)Edelzio, tomei uma decisão mais sábia e coerente. Estou começando a rever todos os westerns made in Hollywood que eu já assisti e também na medida do possível ver aqueles que eu nunca vi,ou que li alguma coisa, ouvi alguém comentar, mas nunca assisti. Desta forma temos condições de formular opiniões mais abalizadas e consistentes.Você com certeza tem mais trilhas galopadas, recuperando rastros e vestígios do gênero perdidos no passado e portanto um conhecimento mais consistente. Vou aproveitar para ler seus artigos sobre o western norte americano e ficarei atento para quando entrares na parte que será dedicada ao spaghetti western ou eurowestern.

Vinícius Lemarc disse...

Caro Aprigio,

Tenho opinião razoavelmente formada sobre os dois estilos de western, mas não acho que elas são suficientemente seguras e sempre estou tentando compreender um ou outro aspecto, às vezes levantado por alguém, às vezes percebidos reassistindo a filmes com essa intenção mesma. De uma maneira geral, gosto dos dois estilos e sei que há coisas boas e ruins em ambos. Ao contrário do que se possa pensar, sou um iniciante na área, mas acho que a paixão pelo gênero me ajuda a querer conhecê-lo sempre mais, o que facilita um pouco o aprendizado. Essas longas discussões travadas entre tantos “cowboys”, como a do Top feito pelo Edelzio, são oportunidades ímpares que temos de discutir posicionamentos, paixões e aproveitarmos para melhorar nosso conhecimento na área. Penso que devam sempre ser encaradas assim, como momentos de congraçamento, em que ninguém se declare sabedor, mas aprendiz, mesmo que saiba muito. Hoje temos na web espaços muito interessantes para os amantes do gênero e essa conquista não é jamais individual, mas coletiva. Breve o western europeu será abordado aqui e espero ter algo interessante a dizer depois de tanta gente realmente conhecedora já ter dito tanta coisa a respeito.

Um forte abraço!

Vinícius Lemarc

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