2 de abril de 2023

Mudança Cultural

Cultura é o conjunto de costumes e valores construídos historicamente pelos povos. Também pode se referir aos conhecimentos empíricos e formais adquiridos pelos indivíduos.

Ambas as versões se cruzam de maneira complexa e, sob a influência da ação humana, vão gradualmente se alterando.

Assim, novos tempos produzem novos desafios, novas necessidades, e o que já não responde perfeitamente aos anseios humanos sofre uma corrosão natural e uma consequente renovação. Isso acontece, por exemplo, com a ciência, com as artes, com a moda ou com a língua. Contudo, é sempre uma pequena porção do conjunto que sofre alteração. Portanto, não é possível, mudar tudo de uma hora para outra, alterar fundamentos, fatos ou a própria história.

Duas constatações importantes derivam daí: 

1. o que muda — signos, hábitos, valores, visão de mundo — dificilmente volta ao seu estado inicial, e, mais que isso, geralmente desaparece;

2. se for possível restaurar alguma coisa pelo menos similar ao que se extinguiu, será quase sempre às custas de muita dor e sofrimento.

Assim, entre erros e acertos, e intuindo essa realidade, o homem apreendeu os conceitos fundamentais que lhe permitiram avançar e construir a sociedade.

Não se pode, portanto, ignorar a relevância de coisas como direito, dever, liberdade, justiça, instituição, ética, fato, verdade, beleza, linguagem, trabalho...

A mudança é um imperativo natural e ninguém pode estancá-la; contudo, supervalorizar ganhos e ignorar o potencial negativo das coisas, permitindo que se mudem artificialmente marcos civilizatórios, com base em aspirações limitadas e pontuais, pode levar a resultados impensáveis para as sociedades e para a história. Equivale a dinamitar a estrutura do edifício.

Faz-se necessária, então, a devida prudência e a análise do que pode e merece ser mudado por meio da intervenção direta. Deve-se considerar em que ritmo e medida a pretendida mudança deve se dar, sob o risco de abandonarmos as conquistas que consolidaram e iluminaram a civilização e mergulharmos, sem nos dar conta, e talvez sem volta, no mais deletério obscurantismo.




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