Robert Mitchum está fabuloso
neste western sobre um pistoleiro amargurado, que perambula de cidade em
cidade, limpando-as, a soldo, da escória que se sobrepõe ao império da
legalidade e ao equilíbrio social. Man
With the Gun é mais um belo filme da era de ouro do cinema, que, em seus
pouco mais de 80 minutos, nos brinda com um roteiro simples, mas bem acabado,
uma direção magistral, uma perfeita fotografia em estilo noir, música na medida, sob a batuta de Alex North, boas doses de
suspense e grandes atuações do relativamente extenso elenco. Aliás, esse é um
dos seus pontos altos: todos os atores estão muito bem em seus papéis, e apenas
Joe Barry - encarnado na pele do arquirrival Dade Holman (não creditado) - parece
ter uma atuação que deixa a desejar (mas não ruim), sobretudo se levarmos em
conta o que poderia ter sido, uma vez que sua personagem vaga pelo imaginário
de toda a narrativa. Man With the Gun
trata-se, ainda, de um western pró-armamentista, cujo mote emerge no evocado assassinato
do pai da personagem de Mitchum, evento que o atormenta, desde que se deu, e
alimenta o ódio do protagonista por malfeitores, do tipo que assassinaram seu
genitor, que, segundo ele, não teve qualquer chance de defesa, pois tratava-se
de um homem contrário à posse civil de armas.
Já no início, o filme mostra o nível
de degradação a que chegou a comunidade, com o assassinato banal de um cachorro
na rua principal. Há, portanto, o bando de criminosos, as “mulheres da vida”, a
elite usurária e toda sorte de gente medíocre, formando um pequeno mosaico de
tipos deploráveis, que se movem ao lado de um pequeno número de pessoas altivas
e de virtude, e que, portanto, sofrem as agruras de viver entre malfeitores e
oportunistas.
Em resumo, o filme conta a
história de Clint Tollinger (R.Mitchum), que adentra a cidadezinha de Sheridan,
à procura de reamarrar a vida, o presente e o passado. Ele procura pela ex-esposa,
Nelly Bain (Jan Sterling), que, após largá-lo por detestar sua vida de
pistoleiro, comanda, na nova cidade, as garotas, do saloon, mas sem ser uma
delas. Chegando a seu destino, Clint é reconhecido e contratado para limpar o
lugar de seus malfeitores. A partir daí, ele passa a se dedicar com afinco ao
duplo objetivo: vencer seus opositores e reconquistar sua amada, que guarda um
segredo capaz de destruí-lo, ou, quem sabe, torná-lo uma vez humano.
Este é o primeiro filme dirigido por Richard
Wilson, um diretor extremamente capaz, e que merecia ser melhor notado; um western
que só se pode chamar B pelo orçamento reduzido, e que, não se engane, é uma
pequena obra-prima.