15 de agosto de 2019

46º The Deadly Companions (O Homem que eu devia Odiar/Parceiros da Morte) - 1961


The Deadly Companions (Parceiros da Morte/O Homem Que Eu Devia Odiar) é o primeiro filme dirigido por Sam Peckinpah, o cultuado “poeta da violência”, e que nesse western é verdadeiramente poético. Com uma estética que influenciaria os westerns europeus e, de certa forma, o cinema moderno, Deadly Companions conta com uma bela interpretação de Maureen O’Hara, encimando um elenco que, se não é brilhante, dá conta do recado. Embora apresente algumas deficiências técnicas, algo compreensível, dada a limitação orçamentária e o debut do maestro nas telas do cinema, o filme tem muitas qualidades, a começar pela música, cuja canção-título é interpretada pela ruiva talentosa - a própria Maureen, uma peça lírica a prenunciar o estilo operístico de Leone alguns anos depois.



A história parece ser apenas mais um conto de vingança, algo comum no gênero, mas logo se vê que há muito mais do que conflitos e desavenças pontuais entre as personagens. Trata-se, de certo modo, da história de duas “almas penadas”, cada uma lutando contra suas perdas e dores, procurando um lugar em meio à baixeza humana, que recende em cada tipo humano que, muitas vezes, quase aleatoriamente povoa a tela. Yellowleg (Brian Keith) chega ao povoado de Gila, após anos à busca de sua vingança, quando, durante um tiroteio, numa fatalidade, mata o vivaz filho de Kit Tildon (O’Hara). Sentindo-se moralmente responsável pelo trágico acontecimento, ele resolve ajudar Kit a levar o corpo do garoto até Siringo, uma cidade abandonada, para o enterrar ao lado de seu pai, e distante do “desprezível” povoado, digamos, atendendo ao desejo do garoto. No caminho pela terra apache, muitos desafios deverão ser superados até o desenlace, pondo em rota a dor, o sofrimento e a coragem de cada um dos dois personagens centrais dessa pequena odisseia.

Em The Deadly Companions, Peckinpah está longe daquele estilo juvenil e afetado com que ele costumeiramente banha a tela de sangue e violência injustificada. É um filme com consistência narrativa, e uma alma, uma aura especial que Sam poderia ter mantido em suas experiências posteriores. Vale o espetáculo e estimula a leitura do livro, homônimo. Um belo começo de Sam Peckinpah na tela grande, que nos deixa pensando como poderia ter sido ainda melhor, se os produtores não tivessem interferido na montagem. Mas, em se tratando de Peckinpah, essa é realmente uma dúvida.



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