19 de dezembro de 2015

Da Igualdade









“Quem - e por que vãos motivos - teve a ideia de eleger a igualdade, a inalcançável, a indesejável, para estandarte de libertação do mundo? Quem?... Quem, afinal, poderia supor que a esperança do mundo passe por terem todos as mesmas coisas, os mesmos sonhos, as mesmas possibilidades? Quem poderia julgar que passe por todos assemelharem-se mais do que o fogo da vida os fez semelhantes, para que assim percam a liberdade de querer ser diferente, de poder assumir o risco de ser laureado ou mesmo aniquilado em nome de si próprio? É uma inconsequência que aos poucos vai se transformando em crime. Um crime contra a própria vida, um crime contra o próprio homem, que ao não encontrar as respostas como cogitou, entrega seu bem maior, a liberdade, a única que lhe conduz ao mais valioso dos bens: a descoberta de si mesmo. Proclamar a igualdade como bem superior é levar o homem a um beco sem saída, que o conduzirá apenas a mais sofrimento. É como se alguém não pudesse ser feliz com o pouco que tem, com a cor que tem, com a vida que tem, com a família que ama, com o desejo de cada dia; como se o de haveres sempre fosse ditoso e o sem posses apenas um infeliz a vagar; como se cada um tivesse proibido de escolher a dor que dignifica, ou de ser diferente de quem os crédulos acreditam venturoso. Como se todos tivessem que se ajustar a todos, mesmo aos desajustados, aos que chegaram ao poder. É apenas uma abominável e execrável forma de comparar eternamente os homens no que há de pior, jogando-os em uma vala comum, em que a riqueza da diversidade e do livre-arbítrio perde totalmente o valor, e passamos todos a peças insípidas de um quebra-cabeças monótono, onde não cabe o próprio sonho, a própria virtude, e todos se dão as mãos cabisbaixos, apunhalados pela vergonha, no desenlace, rumo ao aniquilamento, até a última esperança.”





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