15 de novembro de 2015

Sobre Jovens e Revoluções


#PrayerForYoungPeople
Mais uma vez assistimos à barbárie, espetacularizada pela mídia e usada pelos envolvidos para fomentar e aprofundar ainda mais o ódio entre os homens - como se isso fosse necessário. Depois de Charlie Hebdo, e da palestina, da guerra, WTC e Oklahoma, dos massacres à mão de um homem só e do sangrento 22 da Noruega, do ódio diário entre tolos de toda ordem, do morticínio de mulheres, de bebês, de sonhos, etc., revemos a Cidade Luz ter seu brilho e sua elegância afetados, e assistimos à trajetória decadente de seu fulgor, como à decadência da frágil moral e o ocaso do homem chamado moderno.

Infelizmente, esses episódios de violência não parece que nos levarão, por fim, a bom termo. O mundo vive mergulhado no ódio e esse é o veredito que recai sobre a sua ignorância, que ousa não raro se disfarçar de entendimento.

Mais quais os motivos nos levam a insistir em tamanho despropósito, em tamanha falta de bom senso? Em fato, a resposta é um tanto complexa e não cabe exame aqui, mas tem a ver com a pequenez humana, seja ela fruto de determinismo biológico ou mero subproduto da ação do homem.

O portento se especializou em tolices, e, enquanto enfrenta a vertigem da queda, menos cristalino enxerga as estruturas e os frágeis arranjos que o mantém em sobrevida.

A verdade é que os homens não entram em acordo sobre o que querem para si. E parece que todos querem tudo; querem dar as cartas; e, para isso, mentem, iludem, manipulam. Para seu intento, via de regra se utilizam do imanente sentimento de revolução, sobretudo presente nos jovens, e que lhes ainda inculcam por variados métodos. Estes iniciáticos, são contestadores natos, e a eles nada no mundo parece estar exatamente no lugar. Não percebem que são usados por senhores velhacos e hipócritas, que os insuflam para alcançar seus próprios e indignos objetivos. Tome-se vista que as crianças e os jovens sempre foram alvo de catequização por partidos políticos, seitas religiosas, grupos sociais libertinos e governos de matizes totalitários.

Não notam os jovens que são mão de obra barata e muito conveniente nas mãos dos manipuladores, não percebem que são eles próprios que morrem nas guerras, que são eles que se tornam homens-bomba, que são eles que acabam explorados sexualmente, que são eles que, ingenuamente crentes do que lhes disseram, alimentam o espírito démodé do romântico revolucionário? E, também, que sempre serão descartados, fuzilados ou reutilizados no momento em que seus mentores e algozes julgarem necessário?

Talvez seja essa a praga. A paixão boba do jovem pelo carismático espírito revolucionário. Não faltam teoristas e teóricos para inspirá-los com despautérios de todo tipo. Cambiam-se as circunstâncias e as desculpas, mas a essência desse sentimento, que é o insaciável e, não infrequente, irracional desejo de mudança, e a revolta contra algo que se elege como mal, resiste. Quando um jovem jihadista inclina-se contra o que ele considera ser o inimigo, ou quando um jovem luta para promover uma ideologia qualquer, não há grandes diferenças, o que os move é o espirito de mudança, a falsa convicção de estar promovendo e contribuindo para a onírica construção de um paraíso neste cada dia mais infernal planeta de homens.  O jovem sonhador não percebe que, no fim do processo, alguém tomará pela mão o chicote e dará as ordens; e que isso sempre será feito às custas de muito sangue, porque até habituar o povo às mudanças promovidas, será preciso domar os “novos revolucionários” que, insatisfeitos, buscarão nova mudança?

O processo revolucionário é esse: a ideia cíclica de que há sempre muito o que mudar, e de que faremos isso por um ou outro meio, mesmo que para tal se precise trazer à luz uma vultosa massa de manobra, cuja matéria é pujantemente ofertada por quase toda parte: jovens. Esquecem todos de combinar com a maldade humana, para que ela se retire do planeta, ou, em formulação mais aguda, para que a ubíqua abandone o coração dos homens para sempre.

Enquanto houver mentirosos messiânicos na política - em sentido amplo - e enquanto se alimentarem os jovens com essa ração venenosa, toda a indignidade humana terá, aí sim, como tem tido, e todos testemunham isso diariamente, alargado ainda mais o seu sempre vasto espaço. E talvez, não demore tanto, o homem, com suas surradas e ridículas desculpas de bondade, consiga promover a desgraça total da própria espécie, e, de cortesia, enterrar de vez toda a vida existente por aqui.

Jovem, se você quer melhorar de verdade o mundo - e eu sei que neste particular você é sincero - saiba que começar por se desviar das ideologias já será um bom começo, apesar das dificuldades que fazer isso encerra; veja-se o desafio no ensino e nos livros, que praticamente abandonaram a pujança do mundo das ideias em favor da mendicância do mundo das ideologias.  Senão, compre seu arsenal e prepare-se para o cataclismo que vocês mesmos ajudarão ou acabarão por promover; porque o único caminho é a paz, é cultivar o espírito de paz. E aí, com mais silêncio, haverá espaço para entendermos melhor as coisas, e as pessoas sensatas poderão ser ouvidas e, haverá clima bom para se produzirem os ajustes necessários.


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