É preciso ajustar o rumo da história deste país. Há muito a fazer. Nem ouso iniciar uma explanação do quanto tem de mudar em termos de política partidária e de políticas de Estado. Necessitamos de líderes que realmente estejam interessados na construção de um país que o Brasil sempre teve vocação natural para ser. O que falta é vocação humana. Digo isso porque grandes líderes são necessários a grandes povos. Nenhuma grande nação prescindiu disso.
Embora muita gente, hoje, ache que nosso presidente seja um exemplo de grande líder político, capaz de dar impulso ao amplo desenvolvimento da nação brasileira - sinto desapontar os incautos - ele não chega a tanto. Antes que se crie um equivoco, esclareço que não sou antiPT, ou antiQualquercoisa, por qualquer conveniência que se suponha. A César o que de César é. Votei no caro presidente inclusive quando foi eleito pela primeira vez, mas já meio ressabiado com o seu discurso àquela altura. Ele foi contra o Plano Real, contra a CPMF e contra tantas outras coisas, de maneira oportunista e eleitoreira, para depois, muitas vezes, defendê-las. Isso já basta pra mostrar que lhe faltam alguns princípios inerentes aos grandes homens. Compreendemos os erros, mas não a falsidade com o povo, que parece gostar de ser enganado, mas, na verdade, apenas não consegue entender certas coisas. Além disso, seu governo conseguiu apenas uns poucos avanços; minguados, para iniciar uma forte transmutação da realidade brasileira. Isso também torna desnecessário falarmos pontualmente de tantos equívocos cometidos. Não confundo aqui o ser humano Lula - por quem tenho certa simpatia – com o governante. Esse é que poderia ter sido muito melhor, sobretudo com o apoio popular que sempre teve. Sinceramente, creio que ele fez o melhor que ELE podia, dadas todas as limitações.
Agora, assistimos à corrida aos cargos políticos e ficamos certos de que é quase nula a possibilidade de botarmos o trem nos trilhos. O Brasil sempre foi forte e rico o suficiente pra resistir a tantos governos ineptos, e certamente, vai continuar em frente, haja o que houver. Mas é sim uma pena saber que esse megapaís apenas vai seguir ao sabor do vento que sopra, sem definir, de uma vez por todas, o rumo certo, sem vacilações.
A situação político-social no Brasil é extremamente complicada, uma vez que povo e governantes são feitos da mesma matéria, e são via de mão dupla em suas atitudes e comportamentos. De uma coisa tenho certeza: não há como construir um grande país sem buscar a hombridade e a retidão, cada dia mais démodée. Posto isso, é conclusão imediata que o povo precisa elaborar e reelaborar valores e modo de viver, que definham, talvez pelo excesso de liberdade. Ora, se não é desejável viver em um país sem liberdade de pensar e agir, não é menos verdade que não podemos achar que vale tudo, e que não se deve cobrar responsabilidades pelos atos irresponsáveis e desumanos cometidos para satisfazer os mais tresloucados desejos e ímpetos individuais. Passeie pela internet e assista às sociedades mundiais nesse definhar. É o CULTO à violência, ao sexo, às drogas, e a toda sorte de vilania. E isso valendo para muitos homens e, cada vez mais, para muitas mulheres. Ninguém se move pra mostrar-lhes que “O prazer supremo é o prazer da criação”. O resto, isoladamente, é o vazio existencial. É o que vai restar. Fico desapontado em saber que muitos não conseguem sequer compreender o que eu disse aspeado.
Quando falamos de liberdade uma das imagens que nos vem à cabeça é “meios de comunicação de massa”, sobretudo imprensa. Essa, é comum vemo-la acusando e refletindo sobre vários temas e sobre muita gente, mas nós quase não vemos a imprensa discutir ou acusar a imprensa (a não ser quando disputa entre si encarniçadamente o mercado) de não ter compromisso realmente ético em oferecer grades de programação de qualidade. Não falamos de oferecer programas “cabeça”, ou “certinhos”. Não é isso. É muito mais que isso. O certo é que se dermos manjar ao povo, ele vai acabar se habituando. Mas se toda a atmosfera for putrefata, a sociedade será induzida a assimilar o modelo de comportamento simplista e equivocado. Mas, apesar de tudo, concordo ser melhor com a imprensa que sem ela.
Assim, figuras tão importantes, como os representantes dos poderes constituídos e os órgãos de imprensa, fariam um ato de amor a seu país, se buscassem evitar tantos... equívocos. O exemplo vindo de cima seria, creio, relevantíssimo para que todo o povo sentisse renovado seu orgulho, seu patriotismo e sua coragem. Ver, por exemplo, os representantes, nos altos cargos, agindo com toda a mediocridade que conseguem, repassa ao povo a lição de que não compensa ser melhor, pois os “grandes homens” do país, os tidos como bem-sucedidos, não precisam ser grande coisa, para que se tenha por sê-lo. Hoje, infelizmente, não há dúvida que ser, de fato, um grande homem é sentir-se, no mínimo, deslocado, meio fora de contexto.
Nosso discurso não sugere qualquer espécie de uniformização de comportamentos, ou de preconceito quanto às múltiplas formas de pensar e de viver. Também não visa qualquer teor político-partidário. Apenas aponta para a necessidade de se considerar alguns preceitos universais e que, em algum momento, por mais distante que seja, o homem vai perceber não ser um bom negócio abandonar. Enfim, é preciso que todos entendamos de uma vez por todas que, de uma maneira geral, não precisamos ser iguais a nenhum país, mas sim, encontrar nosso próprio e digno caminho, para sermos um dia O Brasil.