21 de agosto de 2010

Chame essa banda pro seu forró (e me convide)


Por algum tempo fiquei pensando sobre o que escrever neste primeiro post. Claro, ocorreram-me muitas ideias, sobre muitos temas, e todas, perfeitamente, poderiam ser colocadas aqui, e seriam , digamos, um bom começo.

Assim, enquanto ia trocando de uma ideia pra outra, fui arrebatado por uma emoção pueril, que creio, pouco segura a quem escreve - que o calor da hora turva, quase sempre, a visão clara.

Foi assim: estava eu a ver o trecho final de um dos péssimos jogos da copa do mundo, quando resolvi zapear o canal, e adeus jogo da copa. É que eu me encontrei com uma banda paraibana de lascar o cano: Clã Brasil.

Num momento em que a grande mídia oferece um indigesto cardápio cultural no país, norteando-se quase só por critérios econômicos, e fomenta o processo de aviltamento da formação da consciência crítica da grande massa, é supimpa ver que ainda há gente de talento, seguindo por caminhos próprios, valorizando um tipo de trabalho que é muitas vezes visto com preconceito pelas novas gerações, sejam as que creem na deusa tecnologia, e que não podem achar graça em um instrumento como um triângulo ou uma zabumba, sejam aquelas excluídas de boa parte das benesses tecnológicas, mais restritas ao tecno (brega, melody...), embora devidamente munidas de modernos aparelhos celulares sem créditos, nos bolsos.

Naturalmente que essa aparição eu não poderia ter presenciado com o auxílio dos poderosos canais de TV aberta do Brasil, mas com o de uma das emissoras agonizantes - em vias de fechar por baixa receita - que oferecem a custo um conteúdo de melhor qualidade, ao preço do abandono de uma população acostumada a ver diariamente programas vazios, feitos sob medida para pessoas de pouca consciência crítica, como se fossem sandubas enganando a fome, mas alimentando muito mal, e mesmo intoxicando. E o pior é que essa multidão não tem outras fontes saudáveis para se nutrir.

Bem, deixemos as lamentações e falemos um pouco da Clã Brasil. Trata-se de uma banda que mergulha nas raízes musicais nordestinas, passando por Jackson do Pandeiro, Luiz Gonzaga, chegando a nomes mais atuais, como Zé Ramalho e Dominguinhos. É um grupo de quatro jovens meninas, que valoriza o talento da mulher, não suas curvas. Isso podemos ver pelo vestuário usado nas apresentações e na simplicidade, que repugna coreografias psicodélicas, em favor de alguns passos ora de xote, ora de xaxado, como que resgatando um singelo tempo que está se perdendo. Há ainda três músicos de apoio, que ampliam a quantidade de instrumentos e timbres da banda, que se dá ao luxo de oferecer o som da sanfona, do violão, do pife, do cavaquinho, e, vejam, até do violino, fazendo um contraponto maravilhoso. É um grupo jovem, mas que já nasceu bom, com grande potencial de crescimento e que não merece ficar restrito ao seu torrão, mas ser acessível a todos, mundo afora. A questão é que na ditadura midiática atual, isso não é tarefa fácil. Temos então que recorrer principalmente à internet, muito mais democrática, mas, infelizmente, com alcance ainda restrito na sociedade brasileira como um todo. Mas isso não tira nossa alegria de saber que tem muita gente boa por aí que não se vendeu às facilidades da contracultura mercadológica.

Caro visitante, o que comento aqui sobre a banda é resultado de algumas poucas impressões, não produto de uma pesquisa detalhada, o que não era a intenção; portanto, há lacunas, e, talvez, erros, mas creio ter oferecido o que penso essencial. E mesmo que enchêssemos folhas e folhas de papel não substituiríamos a emoção de ver e ouvir a banda. Por isso, indico abaixo um link do YouTube, para aqueles que ainda não viram este clã em ação. Para quem gostar, tem mais lá. Há, ainda, o site da banda, onde você pode obter mais informações. Disponibilizo também o link, abaixo.

Terminamos, assim, nosso primeiro post. A cada mês estaremos postando algum material sobre temas em geral, como música, cultura, cinema, literatura, política, educação, comportamento, etc, sem ordem preestabelecida, guiando-nos pelas volições de cada momento. Convidamo-lo a nos seguir nessa sarrabulhada Cult.





Clã Brasil - Video no Youtube

Clã Brasil - Site Oficial
2 Comentários
Comentários

2 comentários:

Anônimo disse...

Caro amigo LeMarc,realmente tenho que concordar com você em relação as porcarias que nos vendem na tv Brasileira! Mas temos que admitir, a Deusa da tecnologia é bem legal. Eu sou uma jovem, mas gosto de coisas de valor, assim como reconheço o valor e o talento dessas meninas que ja tinha visto e adorado a algum tempo.Foi ai que achei o seu blog, este e o outro post sobre elas, sem nenhum comentario?Ah! Eu tinha q dar o exemplo!
Parabéns pelo bom gosto,Sucesso!

Vinícius Lemarc disse...

Olá, minha menina!

Também concordo com você que tecnologia é algo muito bom. Muito bom mesmo. Permite, por exemplo, que estejamos aqui, conversando, divulgando o trabalho maravilhoso dessa banda, entre tantas outras coisas. Quando comento acima a respeito dela apenas chamo atenção para algo que tenho visto muito: jovens que passam o dia no videogame, no facebook, falando bobagens, entre tantos outros usos da tecnologia que não os auxilia a perceber outras coisas maravilhosas da vida, como a cultura que os rodeia, um modo de vida mais ligado à natureza e a interação mais ampla no seu meio, etc.
Quanto à banda, como disse, é de "voar as tampas", é muito bonito vê-las no palco. Muita gente tem lido esta postagem, porém a maioria parece não ter muito o que dizer, e comenta pouco. Mas isso é "normal": o povo lê pouco, prefere ver besteiras na internet, vota mal, gosta de música ruim, BBB, programa de tv verpertino intragável, enfim, a grande maioria das pessoas tem um gosto muito ruim.

Grande abraço e obrigado pela participação!

LeMarc

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